segunda-feira, 29 de julho de 2013

Vida é amor

Hoje está sendo um dia muito especial. O que um dia pode ter de tão especial? Hoje andava por uma das calçadas do meu bairro, e ficou claro para mim que a vida é amor. Que o amor é tudo na vida, e que tive amor durante toda minha vida, ainda quando pensei que não o tivesse tido. Ele estava ali, o amor estava ali, sempre esteve, e sempre estará, enquanto vida houver. De tarde, em um momento fiquei na sala. O tempo tinha parado. Quase não havia pensamentos. Quietude, paz. O amor é também quietude, justiça, paz. Fiquei apenas ciente de que estava ali, na sala, sentado, quase sem pensamentos. É como se a vida tivesse se recolhido por completo a esse momento. Depois, de noite, saí para caminhar de novo, por outras ruas do bairro. Vi as flores das casas de em frente. Amarelas, vermelhas, lilás. As pessoas no calçadão. Uma criancinha brincando com outra, perto da mureta que fica do lado do mar. Outra vez, pensei no amor, como a totalidade da vida, o que sustenta a vida, o que é a vida, senão amor.

Van Gogh

Recuerdo los años que pasé admirando a Van Gogh, sus cuadros, por supuesto. Pero también estudiando su vida, sus sentimentos, sus luchas, sus sueños y frustraciones. Su empeño en tocar los corazones humanos desde sus cuadros, desde el color, desde un pintar que para él fue siempre una forma de contactarse con los demás, de tener un lugar en el mundo, hecho por él mismo. Leía sus Cartas a Théo, que mi abuela Mamina me regaló, y me impregnaba de la belleza de sus cuadros. Sus flores, los girasoles, los lirios, los almendros, el sembrador, los cuadros estilo japonés, los retratos del Dr. Gachet y de él mismo, Vincent. El retrato de Gauguin, La casa amarilla. Aquellos cielos caleidoscópicos, los cipreses, las casas, el café de París. Los reflejos de las luces en el agua, la luna en el cielo, el campo de trigo donde finalmente se fue, su último cuadro. Hoy han pasado ya tantos años desde el tempo en que aquel niño y adolescente se sumergía en el mundo intenso de este pintor admirabilísimo, tan humano y sensible. Quien sabe de pronto a esta edad, ya las cosas no nos tocan con tanto arrebatamiento. Pero recordaré siempre con gratitud a mis padres, que me pusieron en contacto con esta criatura inmortal, inolvidable, en quien reconozco a mi primero y más fundamental maestro de la pintura, junto con Miguel Ángel, Gauguin, etc, pero mucho más cerca, sin duda. Vincent Van Gogh siempre más cerca, mucho más cerca. Tan aquí.

Tudo bem, mas...

Existe uma tendência a focalizarmos a atenção naquilo que não se adapta aos nossos desejos e expectativas. Pode estar tudo bem nas nossas vidas, mas uma única coisa que não se encaixa num modelo de perfeição impossível de se realizar, que sobreimpomos à realidade, nos faz ficarmos desgostosos, chateados. Não estou dizendo isto como uma crítica, ou como uma condenação. Apenas como uma observação. Quando somos capazes de perceber que temos uma atitude que nos torna infelizes, podemos mudá-la. Lembro de um poema de Fernando Pessoa, que dizia que ele queria ficar ao sol quando havia sol, e na chuva quando chovia. Às vezes pode ser necessário apenas um pouco de relaxamento, ver o quanto há de bom na nossa vida, para que aquilo que nos incomoda, possa ir se reduzindo até desaparecer.

Gurugi

Às vezes algumas coisas simples tem muito poder na nossa vida. Ontem por exemplo, participei de uma roda de Terapia Comunitária Integrativa com mulheres quilombolas, em Gurugi, Conde. Hoje acordei com um vigor renovado. Alguma coisa em mim estava melhor do que antes dessa reunião tão singela, no salão da Associação de Moradores. Vem à minha memória os rostos, as expressões, os sentimentos partilhados pelas pessoas participantes. A vista das redondezas, verdes, o céu azul da tarde. Dores no braço direito, medo de perder a visão de um olho, dificuldades oriundas do diabetes. Aumento da confiança. Trabalho a pesar da dor, disse um senhor. Mas não havia na sua fala nem auto-piedade, nem afã de chamar atenção, nem tampouco um falso orgulho. Era o que ele fazia. É o que ele faz, como várias das demais pessoas que participaram da roda. Via as telhas vermelhas do teto, duas bandeirolas penduradas das traves. Os estudantes da UFPB que tiveram a inciativa desta atividade. Hoje lembrei que eu também já fiz isso, ou faço, como tantas outras pessoas. Continuar a pesar da dor. Sabendo que no caminho as cargas se arrumam, e nova força vem. Uma roda, o apoio mútuo, canções puxadas por uma menininha que também participou da reunião. Coisas simples tem o poder de nos lembrar de quem somos. Lembramos de que nós podemos.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Rememorando

Essa manhã foram para Carapibus. Choveu durante uma boa parte do tempo. O mar verde turquesa. Azul turquesa. Turquesa e azul. Enevoado por momentos. Os coqueiros. As praias distantes. A conversa com o dono do hotel onde ocorrerá o VII Congresso Brasileiro de Terapia Comunitária Integrativa em setembro. Os móveis rústicos. Algumas frases vieram a ti, em meio do silencio. O que a pedagogia de Paulo Freire me devolveu de mim? A escuta ativa. Enquanto escutava as falas das pessoas, vinham lembranças de mim, muito antigas. Recompunha-se a minha própria unidade, ao ouvir os demais. Saber quem sou. Não sou quem pensava que era, mas o ser que sou. Isto a Terapia Comunitária Integrativa vem em ajudando a conhecer cada vez mais. A incompletude do saber, a incompletude do ser. Tudo está em permanente construção. Chovia. Dia de paralização das centrais sindicais. Outras lembranças. O presente, onde te encontro, onde me encontro, onde o poiético me faz conhecer a eternidade. Medito, oro, olho e vejo a beleza do mundo. Nunca terei uma leitura completa da pedagogia de Paulo Freire. Mas essa pedagogia me ajuda, como creio que ajuda muita gente, a se ler na escrita do mundo. Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, também me ajudam a encontrar a minha própria linguagem, aquela que desfaz o estranhamento, aquela que recupera a novidade e a fluidez do mundo. Hoje de manhã, ao sair rumo a Carapibus, vi na entrada da casa, um joão-de-barro de madeira, que me foi presenteado pelas terapeutas comunitárias em formação no Uruguay. Senti uma profunda alegria. Lembrei que eu fui capaz. O “eu posso” é também o alvo desta busca do ser real que cada um de nós é.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Rompecabezas

Juntarías algunos pedazos. Algunas vistas, impresiones. Las calles mojadas iluminadas a la tarde. El mar infinito y el cielo. Las caricias de ella que te devuelven un sentido de integridad. El trabajo voluntario. Servicio. La amistad tan preciosa de tu viejo amigo. Los recuerdos que vuelven desde el comienzo de tu vida. Ese mosaico que se compone constantemente. El día lluvioso. La noche luminosa. Los cuadros no pintados. Hoy recordabas la ternura de esas telas que te esperan, blancas, inmóviles. Quién sabe cuántos cuadros de flores allí vendrán o allí ya se encuentran. Tornasoles. Claveles. Clarines de guerra. Rosas. Todo lo vivido. Cada día se arma y se desarma el rompecabezas de la vida. Eres la reunión de los hilos infinitos que en tí convergen y de tí irradian hacia todas las partes del cosmos. Los dolores del ayer. Los sueños del hoy. Las esperanzas de mañana, de en seguida, del año que viene, te sostienen. El camino de luz en que te empeñas.