sábado, 22 de junho de 2019

Permanencia


Pongo algunas letras en la hoja, ahora que ya la noche se ha ido haciendo dueña del cielo.
Saber que tuvo y sigue teniendo sentido el estar vivo, más fuerte después de cada caída.
Recordar, sí, que es preciso lluvia para florecer.
Amar lo que quedó: estas piedras, esta agua, el sol, la lluvia. Esto que está aquí.
¿Quién soy? ¿Cómo estoy? Mi historia hoy. ¿Qué dice mi experiencia?
Pregunto para responderme, para saberme aquí de maneras nuevas y viejas.
Saber que cada instante de tiempo es muy valioso. Todos lo fueron, para llegar hasta aquí.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

A força do povo. Arte pela vida


Impossível dar as costas a este cenário da atual política brasileira. Fere a nossa sensibilidade, a nossa humanidade, um governo encabeçado por alguém que em rede nacional de TV, durante o grotesco e fraudulento “processo” de impeachmet contra Dilma Rousseff, agrediu a então presidenta da República, elogiando quem fora seu torturador.

De lá pra cá, não havia mais dúvidas sobre o que é que estava se cozinhando. A destruição do Brasil, como prova cada ato de agressão à cidadania e à justiça, à cultura e aos direitos humanos, aos direitos sociais e às mais elementares normas de convívio civilizado. Um “presidente” que associa sua imagem à morte. Não é o meu presidente. Eu estou sem presidente.

Isto tem precedentes. Não reconheço a autoridade de quem a não têm. Respeito, no entanto, é obrigatório, até para com quem não pratica nem merece respeito. Não merece, mas deve ser respeitado. Deve ser respeitado, pois que têm o poder de fazer o que lhe der na telha e, a julgar pelos caminhos destrutivos já adotados, é melhor prevenir.

Respeito a delinquência política institucionalizada, da mesma maneira que respeito, obrigatoriamente, um ladrão e um criminoso comuns. Respeito-os pelo mero fato de que têm o poder de decidir sobre a minha vida, e sobre a vida das pessoas deste país. Mas o poder de impor obediência não deu nem nunca dará legitimidade a nenhum governo, a nenhum ladrão, a nenhum criminoso ou criminosa. Isto é sabido por quem tem alguma noção de história.

A história não é feita pelos vencedores nem pelas vencedoras. A história é feita, e se faz todo dia, pelos sobreviventes. As pessoas que não se dobram, as pessoas que têm dignidade, valores e princípios de conduta. Gente que não vive apenas para obter vantagens ou privilégios. Gente que conhece o valor da vida. Venho de um encontro com este tipo de gente, gente.*

E podem crer que o alimento para o espírito que nasce destas oportunidades em que convergem saberes e trajetórias de vida de distintos lugares da sociedade, reacendeu em mim o sentido de viver alinhado com os valores superiores.

Peço desculpas a mim mesmo, por ter tomado o tempo de quem esteja lendo isto, apontando a desumanidade ao invés de enfatizar o que me orgulha neste nordeste, neste Brasil, neste mundo: as pessoas que não se vendem, mas vivem por sentimentos de amor e de cuidado que começa em si mesmas e se expande alcançando as pessoas em volta, que necessitam de apoio e solidariedade.

É tentador apontar os desmandos de quem pratica a arbitrariedade contando com a impunidade. O meu foco não está aí. Ao contrário, pertenço ao número dos que dão as mãos para fazer entre todas e todos, um mundo melhor, mais solidário, mais ciente de que é a diversidade e o respeito à pluralidade o que nos enriquece e valoriza como seres humanos.

Um Brasil assim começou a ganhar fôlego com as presidências de Lula, do PT. Inclusão, inclusão, inclusão. Pobres, negros e negras, índios e índias, mulheres, ganharam não apenas visibilidade, mas também o direito de existir. O PNUD (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas) elogiou os programas sociais dos governos de Lula, como modelo mundial a ser seguido como exemplo.

Daí, em 2013, a paciência da criminalidade institucionalizada acabou. Anunciado em rede nacional de TV, pela figura do elemento do PSDB derrotado nas eleições presidenciais, tiraram o PT do governo. Para fazer isto, racharam a cidadania, estimularam e se aproveitaram dos preconceitos racistas, misóginos, homofóbicos, do classismo mais bestial e desumano, que odeia pobres por serem pobres, trabalhadores por serem trabalhadores. Chamam docentes de vagabundos, atacam artistas.

O esgoto tornou-se motivo de orgulho e a bestialidade assumiu o poder. Frente a este panorama, não podemos baixar os braços. Temos que continuar promovendo a vida em toda sua maravilhosa e deslumbrante multiplicidade, traço distintivo de Deus, que quis que houvesse infinitas variedade de seres humanos. Precisamos ainda mais valorizar o estudo e a pesquisa, o conhecimento da história e da filosofia, o cultivo das artes que são espaços de criação e exercício da liberdade.

Somente o aprofundamento nesse manancial cujas portas se encontram nos contos, nos romances, nos bons filmes, na pintura, no desenho, na dança, na poesia, tornamo-nos menos que gente. A vida é curta, é muito breve realmente como para que possa ser desperdiçada sem a ter explorado e desenvolvido em profundidade em todas as suas dimensões e possibilidades.

Faço votos para que aquelas autoridades e pessoas da população que não amam este país e o seu povo, deixem o país. Deixem o povo viver, deixem o povo desfrutar da vida, que é um dom divino. Vão se embora para algum lugar onde possam cultivar as suas aberrações e anomalias, se é que existe tal lugar.  


*Curso de formação em Terapia Comunitária Integrativa. Centro Diocesano de Treinamento “Dom Antônio Batista Fragoso,” Crateús, CE.