domingo, 29 de dezembro de 2013

Merodeos literarios

Desde hace ya varios días, vengo rondando algunos de mis libros. Como una abeja que no se decide en qué flor va a bajar. Graciliano Ramos (Alexandre e outros heróis) es quien vence esta dispersión o dificultad de concentración. Sus historias del sertão consiguen atraparme algunas noches y me dan un descanso entretenido e ingenioso. El Diario de Andrés Fava, de Julio Cortázar, consigue el mismo efecto, de otro modo. Raramente consigo leer un texto de Cortázar demasiado largo. Es de una densidad muy grande. Hay algunas frases suyas que tienen la virtud de detenerme por completo.

Días atrás, estuve acechando los libros en los estantes de la biblioteca de la sala. Es una operación que se repite con cierta regularidad. En estas pasadas de vista, cada libro, cada autor o autora, me traen reminiscencias de quién me los hizo conocer, cuándo, en qué circunstancias. Esta mañana, y también ahora al comienzo de esta tarde calurosa nordestina paraibana, me entretuve leyendo el primer capítulo de un libro de Cortázar, Clases de Literatura, en el que habla sobre el tiempo.

Escuchar Cortázar sobre el tiempo es algo muy interesante. Leí también un capítulo de un libro de Cronin, O jovem trovador. La lectura de los libros de Cronin acostumbra llevarme a un espacio muy singular. Es una suerte de lugar atemporal, que se me figura sea el terreno de lo poético-literario en sí mismo. Me olvido de todo, de cualquier problema o dificultad, pequena o grande, que pueda tener. Funciona como un elixir de la juventud.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Fluindo

Essa manhã, ao acordar, soubera o que sempre soube: que a sua natureza é sobre tudo artística. Intuitiva, voltada para o belo, para o fantástico e imaginário. Para esse mundo tênue que agora que já é de noite, começa a se re-configurar na memória. Sentira então um des-engate, um des-enganchar-se de certas birras do cotidiano, aversões reais ou imaginárias contra alguém. Deixara-se levar pelo dia, como quem vai fluindo por entre as pedras. Levemente. Podemos ter problemas se os criarmos. Podemos deixar de lado isto, e simplesmente tentar estar aqui. No terreno da experiência, há menos problemas. Há tarefas, atividade.

Dias atrás, escrevera no caderno, que mais do que mudança de opiniões ou de ideias, mudanças no plano da interpretação ou das explicações ou crenças ou ideologias (o plano mental, propriamente dito), o que viera se operando e continuava a se operar, era uma mudança de visão. Uma mudança em uma imagem do mundo que contém tudo que é experimentado, tudo que existe. Esta mudança é de uma natureza apenas perceptível, mas muito real. Isto o tranquilizara. A percepção da sua natureza mais íntima e a visão desta realidade tênue que contém tudo, e que o contém, que inclui todas as coisas, é profundamente tranquilizadora. Afinal, pensava, a minha parte infinita é muito maior. Isto não era uma ideia, era uma sensação, é uma sensação. A nossa parte eterna é muito maior. Apenas precisamos lembrar disto. Escreveria um livro. Mas não é o que fazes sempre, pensou. O livro é o que vai sendo escrito a cada dia. Pode ser que o puliques em papel ou não. Recolhes impressões de gente que te faz chegar o seu afeto. São gotas de orvalho, pérolas. Um rosário vai se compondo.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Presença

Às vezes, a vida nos traz para uma espécie de parênteses. Se estabelece como um compasso de espera. Entramos em uma sorte de espaço virtual. Alguma coisa diminuiu, talvez as preocupações, as expectativas. Uma noção de fragilidade nos atinge em cheio. E ficamos, de repente –ou outra vez – como se estivéssemos chegando pela primeira vez ao mundo.

Alguma coisa em nós se aquieta. Deixamos de esperar tanto, de prever tanto, de planejar demasiado. Alguma coisa pode ser planejada, mas é bem pouca coisa. O mais é espontâneo, nos carrega, por assim dizer. E nos deixamos levar por uma espécie de tempo sem tempo, um tempo eterno que envolve todo o nosso estar aqui e agora habitual.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Caminhando

Hoje de manhã caminhei pelas areias da praia de Cabo Branco. Enquanto pisava na areia e na água, pensava: mais tarde, escreverei sobre este caminhar, este sentir a água e a areia sob os pés. As ondas indo e vindo. As pessoas jogando futebol no meio dos caminhantes. Meninos e meninas brincando com areia. Um coração cavado na praia, cheio de água. O céu lindo, azul. O barranco de Cabo Branco, ao longe. A Fundação José Américo, que fomos alcançando na caminhada.

Entrar na água, sentir a água, sua temperatura, ver o seu movimento, a superfície encrespada, construindo cristas, e o reflexo do céu azul. Tudo ondulando, e a gente ondulando também. Lembranças de passados dificultosos, sofridos, prévios a este renascer, a esta dádiva, a esta possibilidade de estar presente. A este presente. Presente! Sentir o sol na pele. E agora já de tarde, começada a tarde, começando o dia a correr em direção à noite. Pensar nas luzes lá no céu, que irão se acender mais tarde, mas que já hão de estar acesas para outros olhos, em outras partes do mundo. Domingo.