Aquilo que não registramos, é como se não acontecesse. Se
desvanece, ou pode desaparecer nos corredores da memória. Cada palavra é uma
evocação. Tudo que acontece, muitas vezes é como se fosse uma evocação. Isto me
aconteceu hoje ao meio dia, ao almoçar no Seixas com parte da família
paraibana. Também me ocorreu dias atrás, ao relembrar a amizade com um dos meus
mais velhos amigos. Foi como se pudesse ver esta amizade, na costura de
momentos e sentimentos, atos e encontros, ocorridos ao longo dos já muitos
anos. Agora lembro de umas palavras de Anais Nin, quando lhe perguntaram por
que escrevia: “Escrevo para desfrutar da vida em dobro.” Escrevo para desfrutar
a vida em dobro. Escrevo para guardar estes momentos, este momento de hoje ao
meio dia. As conversas com as pessoas em volta da mesa. Tantos sentires. Risadas,
lembranças, projetos de reencontros logo mais e mais à frente. Família é isto. Os
coqueiros e o vento. O mar lá longe. O céu aberto. Crianças por perto. Brinquedos
na mureta ao lado. Músicas da minha juventude. Tanta vida. Não posso menos que
me emocionar e agradecer. Isto está se tornando uma repetição. É isso mesmo.
Agradeço, de coração, o tempo vivido até agora. Sei que há brechas,
vulnerabilidades. Mas não procuro a perfeição. Apenas existir sem me machucar e
sem machucar aos demais. Agora poria algumas palavras finais, mas não há
palavras, nem há final. Afinal, o que é a vida, a nossa vida, senão uma
continuidade inextinguível?
Foto: Um pé de ficus, no pátio do CEFOR de João Pessoa, Paraíba, Brasil.
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