domingo, 10 de outubro de 2010

Comunicação, Saúde Mental, coisa e tal

Tenho me visto às voltas com desentendidos com um editor de portal de notícias argentino, onde durante alguns anos publiquei textos da minha autoria, como colaborador numa coluna de opinião e, às vezes, na capa da publicação. Nesse portal ou jornal, não sei como chamar, site, sei lá, minhas opiniões foram às vezes acolhidas, outras não, até que, na semana passada, recebo um e-mail do editor, dizendo que eu estava abusando da licença concedida. Embora o tom fosse amistoso, não o recebi como tal, mas como uma agressão à liberdade de imprensa e de opinião. Para encurtar: pedi que retirassem todos os meus textos, ao que atenderam, alegando ser a revista de orientação psicanalítica, comunitária, e tal, e os meus textos estarem enveredando muito para o lado da “autoajuda”, o que não é nem um pouco verdade. Este desabafo de agora com você, leitor ou leitora, é apenas para tentar clarear, para mim mesmo, o que houve, de fato. Não para acusar nem me penitenciar, mas para tentar esclarecer o ocorrido. Sei que não cuidei muito de me alinhar com a perspectiva da publicação, a não ser quando eram textos de cunho mais político, relativos aos direitos humanos, ao julgamento aos genocidas, e coisas do gênero. Mas como eles publicavam também, se bem que na coluna, não na capa, textos meus de poesia ou autoconhecimento e, eventualmente, Terapia Comunitária, me senti encorajado (esse foi o meu erro, acho) a continuar lhe enviando este tipo de escritos, o que incomodou. Isto não nos interessa, disse o tal editor. Ora, se não lhes interessava, para que publicavam? Para me confundir? Para me dar um pontapé como agora? Sinto um alivio por não ter mais essa coluna, embora, para ser franco, também um quê de tristeza. Era a única publicação argentina em que eu colocava de vez em quando algum texto. Talvez por isso insistisse em manter ali algum espaço. Na pretendo aqui e agora me desculpar, nem culpar, não creio nesse tipo de coisa. Tento esclarecer, para mim mesmo, e para os meus leitores e leitoras, o que houve. Sei que para um escritor é sempre importante ter um lugar onde escrever, como chegar ao público. Tenho publicado em diversos meios eletrônicos do Brasil e do exterior, inclusive outro da Argentina, com o qual houve outras formas de desentendimento, também. Neste caso, mais intolerância, acho, da parte deles. Não admitiram retrocessos, retirada de textos, mudança de opinião. É como se você ao se auto-corrigir, estivesse traindo ou se traindo. Enfim, se tiveste paciência de ler até aqui, querido leitor ou leitora, deverás estar a te perguntar, como eu mesmo agora, aonde quero chegar, qual o propósito destas digressões, deste desabafo. Como já disse mais atrás, é uma tentativa de clarear, que talvez tenha clareado apenas um ponto: a tolerância, a dificuldade de comunicação, a dificuldade, da minha parte, em me adequar a linhas editoriais ou determinações temáticas, torna difícil a minha coexistência com meios jornalísticos, sejam eles quais forem. Os blogs e a comunicação direta com pessoas da minha área de trabalho e interesse, afora conhecidos e familiares, parece ser o meio mais adequado para que eu possa seguir partilhando meus textos e reflexões, que abrangem áreas tão diversas, embora convergentes, do meu ponto de vista, como: direitos humanos, reflexões sobre o genocídio na Argentina, a Igreja dos Pobres (à qual pertenço, enquanto membro do Movimento Kairós-Nós também Somos Igreja), a saúde mental comunitária, a inclusão social, a mobilização social, a promoção da pessoa humana, a través da Terapia Comunitária (sou membro da diretoria de comunicação social da Abratecom, do MISC-PB (Movimento Integrado de Saúde Mental Comuntária da Paraíba, e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental Comunitária da UFPB), a poesia, a filosofia perene, a religiosidade universal, para citar apenas alguns tópicos, aos que há de se acrescentar a literatura, minha grande casa, minha grande oikía.

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