domingo, 29 de dezembro de 2013

Merodeos literarios

Desde hace ya varios días, vengo rondando algunos de mis libros. Como una abeja que no se decide en qué flor va a bajar. Graciliano Ramos (Alexandre e outros heróis) es quien vence esta dispersión o dificultad de concentración. Sus historias del sertão consiguen atraparme algunas noches y me dan un descanso entretenido e ingenioso. El Diario de Andrés Fava, de Julio Cortázar, consigue el mismo efecto, de otro modo. Raramente consigo leer un texto de Cortázar demasiado largo. Es de una densidad muy grande. Hay algunas frases suyas que tienen la virtud de detenerme por completo.

Días atrás, estuve acechando los libros en los estantes de la biblioteca de la sala. Es una operación que se repite con cierta regularidad. En estas pasadas de vista, cada libro, cada autor o autora, me traen reminiscencias de quién me los hizo conocer, cuándo, en qué circunstancias. Esta mañana, y también ahora al comienzo de esta tarde calurosa nordestina paraibana, me entretuve leyendo el primer capítulo de un libro de Cortázar, Clases de Literatura, en el que habla sobre el tiempo.

Escuchar Cortázar sobre el tiempo es algo muy interesante. Leí también un capítulo de un libro de Cronin, O jovem trovador. La lectura de los libros de Cronin acostumbra llevarme a un espacio muy singular. Es una suerte de lugar atemporal, que se me figura sea el terreno de lo poético-literario en sí mismo. Me olvido de todo, de cualquier problema o dificultad, pequena o grande, que pueda tener. Funciona como un elixir de la juventud.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Fluindo

Essa manhã, ao acordar, soubera o que sempre soube: que a sua natureza é sobre tudo artística. Intuitiva, voltada para o belo, para o fantástico e imaginário. Para esse mundo tênue que agora que já é de noite, começa a se re-configurar na memória. Sentira então um des-engate, um des-enganchar-se de certas birras do cotidiano, aversões reais ou imaginárias contra alguém. Deixara-se levar pelo dia, como quem vai fluindo por entre as pedras. Levemente. Podemos ter problemas se os criarmos. Podemos deixar de lado isto, e simplesmente tentar estar aqui. No terreno da experiência, há menos problemas. Há tarefas, atividade.

Dias atrás, escrevera no caderno, que mais do que mudança de opiniões ou de ideias, mudanças no plano da interpretação ou das explicações ou crenças ou ideologias (o plano mental, propriamente dito), o que viera se operando e continuava a se operar, era uma mudança de visão. Uma mudança em uma imagem do mundo que contém tudo que é experimentado, tudo que existe. Esta mudança é de uma natureza apenas perceptível, mas muito real. Isto o tranquilizara. A percepção da sua natureza mais íntima e a visão desta realidade tênue que contém tudo, e que o contém, que inclui todas as coisas, é profundamente tranquilizadora. Afinal, pensava, a minha parte infinita é muito maior. Isto não era uma ideia, era uma sensação, é uma sensação. A nossa parte eterna é muito maior. Apenas precisamos lembrar disto. Escreveria um livro. Mas não é o que fazes sempre, pensou. O livro é o que vai sendo escrito a cada dia. Pode ser que o puliques em papel ou não. Recolhes impressões de gente que te faz chegar o seu afeto. São gotas de orvalho, pérolas. Um rosário vai se compondo.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Presença

Às vezes, a vida nos traz para uma espécie de parênteses. Se estabelece como um compasso de espera. Entramos em uma sorte de espaço virtual. Alguma coisa diminuiu, talvez as preocupações, as expectativas. Uma noção de fragilidade nos atinge em cheio. E ficamos, de repente –ou outra vez – como se estivéssemos chegando pela primeira vez ao mundo.

Alguma coisa em nós se aquieta. Deixamos de esperar tanto, de prever tanto, de planejar demasiado. Alguma coisa pode ser planejada, mas é bem pouca coisa. O mais é espontâneo, nos carrega, por assim dizer. E nos deixamos levar por uma espécie de tempo sem tempo, um tempo eterno que envolve todo o nosso estar aqui e agora habitual.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Caminhando

Hoje de manhã caminhei pelas areias da praia de Cabo Branco. Enquanto pisava na areia e na água, pensava: mais tarde, escreverei sobre este caminhar, este sentir a água e a areia sob os pés. As ondas indo e vindo. As pessoas jogando futebol no meio dos caminhantes. Meninos e meninas brincando com areia. Um coração cavado na praia, cheio de água. O céu lindo, azul. O barranco de Cabo Branco, ao longe. A Fundação José Américo, que fomos alcançando na caminhada.

Entrar na água, sentir a água, sua temperatura, ver o seu movimento, a superfície encrespada, construindo cristas, e o reflexo do céu azul. Tudo ondulando, e a gente ondulando também. Lembranças de passados dificultosos, sofridos, prévios a este renascer, a esta dádiva, a esta possibilidade de estar presente. A este presente. Presente! Sentir o sol na pele. E agora já de tarde, começada a tarde, começando o dia a correr em direção à noite. Pensar nas luzes lá no céu, que irão se acender mais tarde, mas que já hão de estar acesas para outros olhos, em outras partes do mundo. Domingo.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Infância

Hoje prossegui com a leitura do livro de Nathaniel Branden, Auto-estima, como aprender a gostar de si mesmo. O exercício durou pouco. Consistia, como nos dias anteriores, em completar sentenças propostas pelo autor. Mas esse breve tempo, como em alguma das jornadas anteriores, foi suficiente. Suficiente como para ir me trazendo mais para cá, me trazendo mais para o presente. O contato com o eu-criança aviva as memórias dos meus primeiros anos de vida.

Juventude e adolescência. A vida vai se costurando de maneira mais forte. Integridade, uma palavra que o autor repete bastante, tem muita força. Integridade: qualidade e condição de ser um. Uno. Ontem à noite lia as Pequenas memórias, de José Saramago, alternando com Infância, de Graciliano Ramos. Um autor puxa outro, uma infância puxa outra, e entre todas, vão nos trazendo de volta. Vieram também Ray Bradbury, Howard Phillips Lovecraft, Julio Cortázar. O presente vai se tornando mais e mais o tempo da gente, o lugar onde a gente está. Presente.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Dispensando

Eu não necessito estar pensando o tempo todo. Posso pensar, mas também posso não pensar, dispensar toda essa sobrecarga valorativa, explicativa, justificadora, que se impõe sobre o que está aqui, e me separa do que está aqui, do ser que eu sou, do fluxo da vida que flui, constantemente.

Hoje de manhã percebi isto, e senti uma profunda paz. Havia um silêncio muito notável e agradável. Percebi que isto ocorria porque eu não estava pensando. O pensamento cria problemas, é o refúgio do medo, do preconceito, das preocupações, me separa do mundo e de mim mesmo.

A vida não é para ser pensada, é para ser vivida. No túmulo de Karl Marx, está escrito: até agora os filósofos se ocuparam de interpretar o mundo: é necessário transformá-lo. Há um pensamento libertador, que é quase um dispensamento, um não-pensamento, um silêncio muito grande e envolvente, que traz paz e quietude.

Quando penso em Julio Cortázar, ou em Paulo Freire, vem uma paz muito grande. Não foram teóricos, técnicos da palavra. Não contribuiram para entulhar a mente das pessoas com mais e mais interpretações, mais e mais jaulas conceituais. Ao contrário, abriram espaços de fluidez, espaços por onde a vida pode chegar, brechas para o viver. Creio que podemos ter a possibilidade de pensar ou não pensar. Mas existe um automatismo, uma espécie de mecanismo que funciona mesmo sem a concordância da nossa vontade, e que começa a funcionar no começo do dia, e não para. É o pensar que separa, o pensar que rouba o presente.

Mas depende de nós se nos deixarmos ou não roubar o presente. Posso dispensar essa cortina invisível mas muito poderosa que se sobrepõe a este instante, que me faz crer que não gosto de alguém ou que tenho medo de alguma coisa. Este pensar me rouba o presente, porque é uma continuação de um passado, e não de um passado feliz, mas de um passado pesado, penoso e triste, condenatório e culposo.

Eu não preciso perder a vida por conta das preocupações, das culpas, do medo. Posso viver. Tenho essa chance. Depende de mim. Posso dar a mim mesmo essa possibilidade, de simplesmente estar aqui, de simplesmente me integrar no fluxo da vida. Creio que isto deva ser o que Jesus dizia quando nos exortava para que fossemos como crianças. Criança flui, criança é celebração, criança é vida, e vida nova, renovada a toda hora.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Escribiendo

A veces no tengo nada que hacer, y me pongo a escribir. Cuando empiezo a escribir, cuando las letras empiezan a aparecer en el renglón y van llenando la hoja, algo en mí se empieza a ordenar. Algo en mí empieza a ocupar su lugar. Soy yo mismo, que no me encuentro mejor en nada, sino escribiendo. Ahora mismo, mientras escribo estas cosas, me viene una paz bárbara, una paz que no encuentro de otra forma. No es necesario que tenga algún asunto determinado para escribir.

Los dilemas, las indecisiones, los conflictos, las rabias, los miedos, las preocupaciones, van como si dijéramos, diluyéndose en la hoja, van dejando de ser, y comienza a aparecer algo nuevo y muy antiguo, una sensación alegre, contenta, como infantil. Una despreocupación y consuelo profundos, de ser parte, estar contenido, de que está todo bien, que siempre estará todo bien. Dios está en todas partes: esto no elimina los problemas, pero es como si en el fondo supieras que está todo bien, que todo estará siempre bien. Y que ni la muerte ni el dolor, jamás podrán destruír esto que está aqui, tan fugaz y eterno: la vida, el amor.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Tiempo y pintura

Flores en jarros o floreros. He pintado varios de estos cuadros a lo largo del tiempo. Ahora que escribo, vienen a la memoria algunos de estos cuadros. Uno con flores rojas acorazonadas, centro amarillo, sobre un mantel de ajedrez.

Otro con flores blancas, de pétalos grandes, en un florero de cuello fino que va subiendo, y hacia abajo se ensancha, redondamente. Hay al lado de este motivo, una figura inversa que la complementa. El fondo es amarillo-naranja. Recuerdo unos cuadros de Van Gogh de flores en floreros o en jarros. Uno, eran girasoles en un florero redondeado, que había en casa de mis padres.

Me llamaba la atención la forma de los pétalos, pintados como al descuido. Después supe que era el modo como pintaba Van Gogh. Veo otro, también en la casa de mis padres, que eran flores de almendro, en un jarro cilíndrico verde. Una vez dibujé un florero en un rincón, en blanco y negro, a lápis grafito o carbonilla. Estos cuadros me dan impresión de eternidad. Ayer cuando pintaba uno de estos cuadros de jarro con flores, esta vez unas hortensias, sentí nitidamente el tiempo suspendido, parado. Esto era real, objetivo. Estaba en la sala y el tiempo estaba quieto.

He pintado también un cuadro de flores rojas, de pétalos estirados, como en llamas, que ilustra estas anotaciones. Un motivo que he repetido también varias veces, son los álamos con casas, montañas, caminos al sol, soles enormes al fondo, a veces un río o praderas de ambos lados, o cielos girando. Álamos, soles, casas, flores, jarros. ¿Qué tienen en común? Eternidad. Quien haya estado em bosques de álamos, lo sabe. El tempo allí está detenido. No se mueve el tiempo.

Pueden moverse las hojas, lentamente, ya que los álamos son conocidos por detener el viento. Detienen el tiempo, también. Uno siente una queitud admirable en sus cercanias, aún cuando se trate de álamos solitarios y no agrupados en bosques. La montaña, los ríos de montaña, las casas que se ven en las áreas rurales, aisladas, evocan siempre quietud, eternidad, algo que no pasa, y que sin embargo está vivo, pulsando en pianíssimo.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Buscando un rumbo

Cuando empiezo a escribir, me empiezo a ordenar. No importa mucho lo que escriba. El mero hecho de ir poniendo letras en la hoja, me organiza. Ahora escribiría, por ejemplo, sobre las sensaciones de esta mañana. La cabeza hecha un enjambre de abejas. Las hablas incomprensibles de ayer a la mañana y ayer a la noche. Gente que habla como si uno tuviera que descifrar lo que quieren decir. ¿Por qué no hablás claro, che piba o pibe?

La celebración de anoche, tan linda. La mujer viniendo con la vela encendida, y todos pidiendo al Espíritu Santo que descendiera sobre nosotros. La universidad de noche, llena de gente y de autos. Y hoy de mañana, las abejas en la cabeza. Abejas, hormigas. Algo así. Ahora la mañana ya va internándose hacia el mediodía, y yo todavía aqui tratando de encontrar un rumbo. Me iré a caminar, que esto es muy lindo y me hace bien.

domingo, 20 de outubro de 2013

Flores em um jarro

Hoje pintei este quadro de flores em um jarro. Como sempre, é muito instrutivo este processo de se abstrair por uns momentos das expectativas de resultados e desempenho, e se deixar levar para um mundo de maior gratuidade e leveza. Um mundo infantil, ou mundos infantis. Lembrava dos meus pais, que me introduziram no mundo da pintura e do desenho. Lembrava de tanta gente que conheci graças à pintura e às cores. Alguém que me ensinou alguma coisa, alguma técnica. Nem sempre obedeço essas dicas ou técnicas, mas a lembrança vem.

Quando começava a ver o desenho ir aparecendo, vinha uma alegria muito antiga. Comecei a pintar desde guri. Brincando com cores e formas. Foi uma das heranças mais preciosas da minha criação. Meus pais sempre me estimularam a pintar, e meus irmãos, esposa e amigos, sempre me alentaram a seguir nesse caminho. Um caminho que comunica. Sempre sinto que é um caminho que vai e vem, uma estrada de duas vias, pelo menos. Uma é a que vem até a tela, uma estrada plural, junção de muita gente e lugares, momentos. Outra, a que vem da tela para você, para mim, para quem estiver olhando. O ambiente se transparenta, fica mais leve, mais tênue.

sábado, 5 de outubro de 2013

Flores

Ontem à tarde, vi umas rosas formando uma coroa. Senti uma paz e alegria profundas. Essas rosas rosas, estavam em algum lugar que eu via ao fechar os olhos. As vejo agora, na lembrança, com as mesmas cores, e sinto essa mesma paz e alegria. Serão essas as rosas que nascem das dores? Estes dias tenho voltando a sentir uma dor profunda, ao ver pessoas próximas, em atitudes indignas. Gente de muito perto, tão longe éticamente. Serão essas as flores que nascem das dores? A minha avo dizia, em italiano: dal tua dor, fa un fiore. Não sei se a escrita está correta, mas está certo o sentido. Será que os humanos fazemos, mesmo, flores das nossas dores?

domingo, 29 de setembro de 2013

Pintando

Esta mañana pinté un cuadro de un álamo con un sol al fondo. Pintar me alegra mucho, más de lo que me acordaba. Me vino una alegría bárbara mientras iba y venía buscando y llevando los materiales para pintar a la mesa de la sala. Allí, la tela blanca, los tubos de colores. El amarillo llegando. El amarillo es más que un color, es un lugar. Estuve en ese lugar, allí me aquieto. Después el verde, los verdes del álamo subiendo al cielo, ondulando. Y el sol, enorme, abrazando el árbol. El verde del pasto extendiéndose hacia los lados y abajo. Hasta aquí, poco fue dicho de nuevo, salvo lo de que el amarillo es un lugar. Los colores son lugares. El rojo, el verde, el marrón, son lugares. Mientras pintaba, escuché el canto de un pájaro en el balcón, donde hay una planta florecida. El pajarito cantaba y mi esposa vino a escuchar ese canto, y se alegró. Pintar me limpia el alma, me lleva a otros tiempos, tempos de niñez y de juventud. Esos tiempos están vivos en los colores, en las formas que se forman en la tela o en las hojas. Recuerdo a mi madre, a mis abuelas y abuelos, a mi padre y mis hermanos, mis tíos, mis amigos y amigas. La vida se reúne cuando pinto. Y aquello que me anduvo doliendo en el alma estos días, sigue siendo como un río que anda por dentro, que irriga este árbol que sube al cielo, que sube al sol.

sábado, 21 de setembro de 2013

Pertencimento

Voltavas do VII Congresso Brasileiro de Terapia Comunitária Integrativa. Carapibus, Conde, Paraíba. Um congresso diferente. Voltavas pleno, saciado interiormente. A tua história no lugar onde estás, o teu ser o ser que é. Tantos rostos, expressões, olhares, conversas, cantos, danças, rodas de terapia comunitária. Vias os corredores do hotel, a piscina, o mar verde no horizonte. As idas e vindas ao restaurante. Os cômicos. As comidas. As palavras. E esta tentativa de juntar o que foram estes dias. Ainda continuarão voltando. Sabes que continuarão a vir. Uma paz profunda nos invade quando somos o ser que somos, quando estamos no lugar que é nosso, que nunca poderia deixar de nos pertencer.

sábado, 7 de setembro de 2013

La vida como producción poético-literaria

La literatura y la poesía ofrecen la posibilidad de que la persona recupere su dimensión colectiva, su dimensión social, comunal, comunitaria. En las narrativas literarias, podemos redescubrirnos en aspectos de nuestro ser que escapan a la atención cotidiana, frecuentemente obstruída por el objetivismo dominante en la cultura occidental. Vemos el mundo externo y el interno, de maneras nuevas, renovadas. Nuestra conciencia infantil, ese estado perceptivo puro con el que todo ser humano comienza su vida, y en el cual reside el potencial activable de la unidad con Dios, de la comunión con todo lo que existe, puede ser reencontardo en la literatura y en la poesía. El encuentro con los textos literarios y poéticos oferece esta posibilidad. En la medida en que en ellos existe lo que es gratuito, lo que viene pasando de generación en generación, desde distintas culturas y países, la persona puede irse redescubriendo más allá de los prejuicios, más allá de las ideologías, de las diferencias de clase, y, sobre todo, más allá de la fragmentación que el capitalismo impone –o trata de imponer-- en el interior de la persona, bien como en su universo relacional. Obviamente que aquí nos referimos tanto a las dimensiones activa como pasiva del ejercicio poético-literario. Es decir, tanto el sumergirse en estos mundos como lectores y lectoras, bien como en la creación de mundos desde la producción de textos. La vida como producción poético-literaria.

domingo, 18 de agosto de 2013

El hombre duplicado

A leitura do livro de Jose Saramago O homem duplicado, está provando ser uma experiência para lá de interessante. O encontro de um homem com o seu duplo é um tema fascinante. O duplo é o mesmo. Borges. Eu sou esse duplicado que anda por aí, esse eu que não sou eu e que anda por aí dizendo ser eu mesmo. É o tema da identidade. Do ser eu quem digo ser. Mas quer eu diga ou não ser quem eu acho ser, pouco estarei sabendo a mais sobre mim mesmo, e é disto que se trata. O ser que eu sou, que se espelha em todos com quem me encontro. Borges outra vez: los miles de reflejos que entre los dos crepúsculos del dia, tu rostro fue dejando en los espejos, y los que irá dejando todavía. El descubrimiento del ser que soy, y que es o puede ser una réplica de alguien que anda por ahí. De un Julio Cortázar cronopio y fama. ¿Cuántos he sido, cuántos seré? A veces tienes un vislumbre, una certeza casi clara. Una evidencia tangible de que eres ese ser que se multiplica y se reúne cada vez que se dispersa. La experiencia de leer El hombre duplicado de José Saramago está siendo la experiencia de ser Saramago en la hora en que lees ese libro escrito por ti mismo. Eres Saramago.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Vida é amor

Hoje está sendo um dia muito especial. O que um dia pode ter de tão especial? Hoje andava por uma das calçadas do meu bairro, e ficou claro para mim que a vida é amor. Que o amor é tudo na vida, e que tive amor durante toda minha vida, ainda quando pensei que não o tivesse tido. Ele estava ali, o amor estava ali, sempre esteve, e sempre estará, enquanto vida houver. De tarde, em um momento fiquei na sala. O tempo tinha parado. Quase não havia pensamentos. Quietude, paz. O amor é também quietude, justiça, paz. Fiquei apenas ciente de que estava ali, na sala, sentado, quase sem pensamentos. É como se a vida tivesse se recolhido por completo a esse momento. Depois, de noite, saí para caminhar de novo, por outras ruas do bairro. Vi as flores das casas de em frente. Amarelas, vermelhas, lilás. As pessoas no calçadão. Uma criancinha brincando com outra, perto da mureta que fica do lado do mar. Outra vez, pensei no amor, como a totalidade da vida, o que sustenta a vida, o que é a vida, senão amor.

Van Gogh

Recuerdo los años que pasé admirando a Van Gogh, sus cuadros, por supuesto. Pero también estudiando su vida, sus sentimentos, sus luchas, sus sueños y frustraciones. Su empeño en tocar los corazones humanos desde sus cuadros, desde el color, desde un pintar que para él fue siempre una forma de contactarse con los demás, de tener un lugar en el mundo, hecho por él mismo. Leía sus Cartas a Théo, que mi abuela Mamina me regaló, y me impregnaba de la belleza de sus cuadros. Sus flores, los girasoles, los lirios, los almendros, el sembrador, los cuadros estilo japonés, los retratos del Dr. Gachet y de él mismo, Vincent. El retrato de Gauguin, La casa amarilla. Aquellos cielos caleidoscópicos, los cipreses, las casas, el café de París. Los reflejos de las luces en el agua, la luna en el cielo, el campo de trigo donde finalmente se fue, su último cuadro. Hoy han pasado ya tantos años desde el tempo en que aquel niño y adolescente se sumergía en el mundo intenso de este pintor admirabilísimo, tan humano y sensible. Quien sabe de pronto a esta edad, ya las cosas no nos tocan con tanto arrebatamiento. Pero recordaré siempre con gratitud a mis padres, que me pusieron en contacto con esta criatura inmortal, inolvidable, en quien reconozco a mi primero y más fundamental maestro de la pintura, junto con Miguel Ángel, Gauguin, etc, pero mucho más cerca, sin duda. Vincent Van Gogh siempre más cerca, mucho más cerca. Tan aquí.

Tudo bem, mas...

Existe uma tendência a focalizarmos a atenção naquilo que não se adapta aos nossos desejos e expectativas. Pode estar tudo bem nas nossas vidas, mas uma única coisa que não se encaixa num modelo de perfeição impossível de se realizar, que sobreimpomos à realidade, nos faz ficarmos desgostosos, chateados. Não estou dizendo isto como uma crítica, ou como uma condenação. Apenas como uma observação. Quando somos capazes de perceber que temos uma atitude que nos torna infelizes, podemos mudá-la. Lembro de um poema de Fernando Pessoa, que dizia que ele queria ficar ao sol quando havia sol, e na chuva quando chovia. Às vezes pode ser necessário apenas um pouco de relaxamento, ver o quanto há de bom na nossa vida, para que aquilo que nos incomoda, possa ir se reduzindo até desaparecer.

Gurugi

Às vezes algumas coisas simples tem muito poder na nossa vida. Ontem por exemplo, participei de uma roda de Terapia Comunitária Integrativa com mulheres quilombolas, em Gurugi, Conde. Hoje acordei com um vigor renovado. Alguma coisa em mim estava melhor do que antes dessa reunião tão singela, no salão da Associação de Moradores. Vem à minha memória os rostos, as expressões, os sentimentos partilhados pelas pessoas participantes. A vista das redondezas, verdes, o céu azul da tarde. Dores no braço direito, medo de perder a visão de um olho, dificuldades oriundas do diabetes. Aumento da confiança. Trabalho a pesar da dor, disse um senhor. Mas não havia na sua fala nem auto-piedade, nem afã de chamar atenção, nem tampouco um falso orgulho. Era o que ele fazia. É o que ele faz, como várias das demais pessoas que participaram da roda. Via as telhas vermelhas do teto, duas bandeirolas penduradas das traves. Os estudantes da UFPB que tiveram a inciativa desta atividade. Hoje lembrei que eu também já fiz isso, ou faço, como tantas outras pessoas. Continuar a pesar da dor. Sabendo que no caminho as cargas se arrumam, e nova força vem. Uma roda, o apoio mútuo, canções puxadas por uma menininha que também participou da reunião. Coisas simples tem o poder de nos lembrar de quem somos. Lembramos de que nós podemos.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Rememorando

Essa manhã foram para Carapibus. Choveu durante uma boa parte do tempo. O mar verde turquesa. Azul turquesa. Turquesa e azul. Enevoado por momentos. Os coqueiros. As praias distantes. A conversa com o dono do hotel onde ocorrerá o VII Congresso Brasileiro de Terapia Comunitária Integrativa em setembro. Os móveis rústicos. Algumas frases vieram a ti, em meio do silencio. O que a pedagogia de Paulo Freire me devolveu de mim? A escuta ativa. Enquanto escutava as falas das pessoas, vinham lembranças de mim, muito antigas. Recompunha-se a minha própria unidade, ao ouvir os demais. Saber quem sou. Não sou quem pensava que era, mas o ser que sou. Isto a Terapia Comunitária Integrativa vem em ajudando a conhecer cada vez mais. A incompletude do saber, a incompletude do ser. Tudo está em permanente construção. Chovia. Dia de paralização das centrais sindicais. Outras lembranças. O presente, onde te encontro, onde me encontro, onde o poiético me faz conhecer a eternidade. Medito, oro, olho e vejo a beleza do mundo. Nunca terei uma leitura completa da pedagogia de Paulo Freire. Mas essa pedagogia me ajuda, como creio que ajuda muita gente, a se ler na escrita do mundo. Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, também me ajudam a encontrar a minha própria linguagem, aquela que desfaz o estranhamento, aquela que recupera a novidade e a fluidez do mundo. Hoje de manhã, ao sair rumo a Carapibus, vi na entrada da casa, um joão-de-barro de madeira, que me foi presenteado pelas terapeutas comunitárias em formação no Uruguay. Senti uma profunda alegria. Lembrei que eu fui capaz. O “eu posso” é também o alvo desta busca do ser real que cada um de nós é.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Rompecabezas

Juntarías algunos pedazos. Algunas vistas, impresiones. Las calles mojadas iluminadas a la tarde. El mar infinito y el cielo. Las caricias de ella que te devuelven un sentido de integridad. El trabajo voluntario. Servicio. La amistad tan preciosa de tu viejo amigo. Los recuerdos que vuelven desde el comienzo de tu vida. Ese mosaico que se compone constantemente. El día lluvioso. La noche luminosa. Los cuadros no pintados. Hoy recordabas la ternura de esas telas que te esperan, blancas, inmóviles. Quién sabe cuántos cuadros de flores allí vendrán o allí ya se encuentran. Tornasoles. Claveles. Clarines de guerra. Rosas. Todo lo vivido. Cada día se arma y se desarma el rompecabezas de la vida. Eres la reunión de los hilos infinitos que en tí convergen y de tí irradian hacia todas las partes del cosmos. Los dolores del ayer. Los sueños del hoy. Las esperanzas de mañana, de en seguida, del año que viene, te sostienen. El camino de luz en que te empeñas.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Cromatopoiese

Ontem à tarde, fiz um pequeno desenho a cores, com tempera. Um sol enorme, que venho pintando há muitos anos, um campo verdejante do lado esquerdo, também um motivo repetido, embora as cores mudem. E, do lado direito, uma casinha de telhado vermelho, com uma porta e uma janela. Na frente do sol, um caminho de terra. O céu azul. Já faz tempo que venho pintando o desenhando com uma atitude diferente da que tive durante muito tempo. Agora, não me preocupa muito estar criando algo novo, e, sim, o ato de estar ali, em meio às cores, ou perto delas. Perto das aquarelas e pincéis, dos lápis e papéis. Na hora de pintar ou desenhar, vem como em avalanche, muitos desenhos de outros tempos. Ontem, veio o de uma árvore que desenhei, que vi em uma praça de Buenos Aires, em 1969. Os quadros, o pintar e o desenhar, são evocações. A vida fica suspensa. O poético retém o irrepetível, e, assim, adentra-se na eternidade, num tempo parado. Isto ocorre com os poemas e com a literatura, também. Nos instalam em um tempo detido. Um tempo que permanece além de todas as mudanças e que, no entanto, somente se nos torna evidente quando estamos atentos ao irrepetível. Quando via o sol do quadrinho de ontem pensava: talvez esse sol tenha sido o que eu vim pintar. Talvez este sol seja o que me ilumina por dentro e por fora. Um quadro repetido durante muitos anos, nunca é um quadro igual. No de ontem, por exemplo, faltou um álamo que costumava pintar do lado direito, perto da casa, e se recortando contra o sol. Mas ele estava alí, de todas formas. Estava não estando. Estava por ausência, na evocação.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Há outros lugares, outros mundos

Às vezes uma preocupação, o medo, uma angústia, podem estar a te visitar. No entanto, existem outros mundos onde podes te refugiar, te refazer, te reabastecer de uma paz profunda, de uma quietude imorredoura, de um consolo infinito. São esses outros mundos aos quais tens ido te tornando acessível, onde tens aprendido a morar. Os mundos da poesia e da literatura, das cores, da arte, da oração, dos sonhos construtivos

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Mario Vagas Llosa

Acabo de assistir à entrevista concedida por Mario Vargas Llosa ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em maio de 2013. Uma verdadeira lição, ou muitas lições, de muitas coisas. De literatura, obviamente, onde o escritor descreve tanto o processo criativo de várias das suas obras, como opina sobre escritores como Borges e Cortázar, García Márquez, etc. Mas também lições que talvez não possam ser transcritas ao papel, porque ficam no terreno do imponderável, das sugestões que a presença de alguém pode nos deixar, sem que necessariamente seja possível trazê-las para o mundo da palavra.


Com tudo, algo pode e até deve ser dito. Lições de esperança. A literatura como um antídoto eficaz contra todos os ideologismos –inclusive os dele próprio--, contra a barbarização da cultura, o seu empobrecimento, a sua banalização. Um corte com chavões sobre a sociedade e a humanidade, que certo militantismo pobre e empobrecedor continua a espalhar, cego sobre sua própria cegueira. Escutar Vargas Llosa é uma viagem enriquecedora.


Uma viagem por algo que agora começa a chegar, que é o que pode nos tornar mais humanos aos humanos: a nossa capacidade de nos entregarmos com tudo a algo, a alguma coisa, a uma causa, a algo pelo qual para nós valha a pena viver ou morrer. Pode ser a literatura, a política, o estético, o cultivo do belo, do erotismo, o que for. Uma razão vital. Vargas Llosa transpira e transmite enamoramento pela vida. A literatura como extinção das fronteiras, como universalização da humanidade e da cultura, mais além dos nacionalismos. E, temos que dizer, também mais além de qualquer sectarismo, qualquer pretensão de apropriação privada da verdade ou da realidade.

domingo, 19 de maio de 2013

Como uma onda no mar

Una tarde así, te pondrías a escribir algunas cosas. Algunos recuerdos del día vivido. Del ayer encontrándose con el hoy como una pururuca. Esto ocurrió esta mañana. Es como si el día anterior fuera llegando al día de hoy, y en ese encuentro, propiamente, nace el nuevo día. En ese encuentro de aguas, que viste esta mañana, supiste que el día empieza allí, en ese justo momento de junção de aguas. Y después el día ir yendo, como ahora, un poco de ayer, un poco de hoy, como las olas del mar. Como uma onda do mar, como dice la canción. Tanto ayer y tanto hoy. Aguas negras y aguas blancas, transparentes, translúcidas, claras. Recuerdas la luz del día entrando en el cuarto, esa gracia, descubirte vivo, otra vez. Todavía aqui. Y ese lento llegar, la ida a la cocina, el desayuno, las plantas, las nubes por la ventana, el canto del pájaro inaugurando la mañana. Y otros recuerdos de otros días, otros ayeres, otros colores en el cielo, superpuestos al cielo que estaba allí. Y vos mirando y sorprendiéndote de esos juegos de la memoria, de la percepción. Ayer y hoy, como uma onda do mar. Como las olas del mar. Te fuiste dejando llevar, un día de Pentecostés, como hoy. El Espíritu Santo, Jesús, Dios, la energia vital, esa luz que está por dentro de todo y que te mueve, que mueve al mundo, que da vida a todo lo que existe. El encuentro con la família cercana, con la família más distante, ya en otros mundos, en otros lugares de la existencia. Esa maravilla que es el vivir.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Mario Vargas Llosa no programa Roda Viva

Escutar um literato falando de literatura é um prato cheio. Não importa se esse literato é também um político que fala de política e de política na literatura, e de literatura e política nos dias de hoje. É sempre rico esse ouvir um escritor falando do seu ofício. Neste caso, tive o prazer de assistir à primeira parte da entrevista que o escritor peruano concedeu ao programa Roda Viva. Vargas Llosa falando da novela, do romance. Do que é para ele o escrever uma novela, um romance. Do romance na era digital. Dos livros digitais, dos tablets. O escritor como quase um deus. Um construtor de mundos, de sonhos. Da riqueza da narrativa romanesca, que descreve muito humanamente o mundo humano, de maneira mais realista que as perspectivas sociológica ou ontológica, no dizer do escritor. Pode-se pular (ou não) o que Vargas Llosa disse sobre política latino-americana, uma vez que ele mesmo não conseguiu fugir de certo esquematismo, não isento de lúcidos insights sobre a falta de criticidade nos dias de hoje. O perigo de democratismos anestesiantes. Panem et circenses. Sei que apenas estou conseguindo passar umas rápidas pinceladas deste delicioso momento passado nesta tarde de 5ª. feira, ouvindo e vendo pela primeira vez o autor de livros muito citados, como La guerra del fin del mundo, e La tía Julia y el escribidor. O seu humor tão particular, e um certo ar nobre de gerações anteriores e também contemporâneas às nossas, de grandes pensadores e pensadoras que ao mesmo tempo tinham e tem o dom literário.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Tempo

A proximidade da morte abre um espaço. A possibilidade da morte ajeita as coisas de outra forma. Mas temos que deixar que esse toque nos toque. E não é um toque gostoso. A morte próxima suspende todas as coisas. Dias atrás senti a proximidade da morte. Me assustei. Mas os dias foram passando e foi como se essa proximidade nem tivesse acontecido. Foi ficando escondida ou soterrada pelas coisas do dia a dia. Hoje, no entanto, alguma coisa trouxe de volta essa lembrança. Não como medo, embora confesse que não gosto nada da possibilidade de morrer. Mas como aviso, como um toque, algo que arruma o meu interior de outro jeito. Volta a consciência original, infantil. Parece paradoxal, ou é paradoxal, já que quando crianças, não temos noção da morte. Mas é um regresso da vida primeira. Uma vida sem tempo. Vai tudo tão rápido nos dias de hoje, que o tempo fica como que para atrás. O tempo de vez em quando pede, digamos assim, que esperemos por ele um pouco. Se a gente parar um pouco, se parar um pouco de fazer tantas coisas e projetar tantas coisas e querer estar sempre fazendo algo, o tempo pode vir a nos alcançar.

sábado, 11 de maio de 2013

Paz

Desacelerar un poco, disminuir las expectativas, dejarse en paz. Desexigirse. Permitirse así momentos de un estar aquí, simplemente. Como si no hubiera nada que hacer. Ningun padrón que obedecer. Ninguna obligación. Sólo estar, simplemente.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Un día diferente

Hoy fue un día bastante diferente, bajo diversos aspectos. El comienzo, la luz del día, la claridad entrando en el cuarto, el canto de los pájaros. Después, pasar por el portón del edifício, entrar a la calle, ir por la avenida hasta el edifico donde queda el consultorio cardiológico. Ver la mujer sentada en el banco, cerca de la puerta del ascensor. Me senté en el banco de al lado. En seguida, empezamos a conversar. El clima, el calor, la puntualidad del médico. Ella se puso a ver su celular. Me quedé mirando la parte interna del edifício. Me vino un alivio bárbaro, sabés, che. Miraba los pisos, las barandas, la escalera, las ventanas por donde entraba el sol de la mañana. Y de pronto, me dije: si esto no me dice nada, nada me dirá alguna cosa. Me decía, sí. Mirando todo eso delante mío, fruto del trabajo humano, me vinieron sensacioneas antiguas. Alivio. Recuerdos de otros tiempos. En eso se abre la puerta del ascensor y llega la recepcionista, sonriendo, invitándonos a entrar al consultorio. Allí siguió esta charla bastante incomun, pasando de un asunto al otro. Estudio, trabajo. Seguí acordándome de mis primeros tiempos. A la tarde, fui al banco a acompañar a mi mujer. La funcionaria sonriente preguntó si yo era su marido. No de ella, sino de mi esposa. Hojas de otoño en el piso, me alegraron, de un modo especial. El verde de los bosques de la universidad. El correo. Parecía que se repetiría el día anterior, que diera lugar a una breve crónica llamada “Las pequeñas cosas”. Conversé con el kioskero, subí al sindicato, charlé con el funcionario del correo. Uno se alivia de tantos temas “importantes”. Reírse, charlar cosas simples. Al final del día, caminé por la beira-mar y vi la gente que hace lo mismo a esa hora. Las luces a lo lejos. El mar oscuro. Un libro de Graciliano Ramos, Linhas tortas, encontrado a la mitad de la tarde.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Contactar

A veces uno quisiera escribir alguna cosa, algo que abriera una puerta, que estableciera un contacto con alguien o algo que está o podría llegar a estar allí. Con el passo del tiempo, se ha ido creando como que una necesidad. No importa si tenés o no algo que decir, algún asunto específico sobre el cual escribir. Escribir te pone en contacto. Te pone en contacto con vos mismo, en primer lugar, pero en seguida, y casi al mismo tiempo, con alguien que está ahí, o que podría llegar a estar ahí. Decir de pronto de alguna cosa que hiciste o pensaste esta tarde, algo que sentiste estos días pasados. O algo que podrías llegar a querer descubrir y que se te va escapando. Le llamas Dios, que a veces es tan íntimo. O algo dentro de tí, que has perseguido toda tu vida. ¿Qué sería? ¿Qué podría llegar a ser? La existencia es tan admirable. No dejas de admirarte con el vivir. No sólo con tu propia vida, sino con la vida como un todo. Las estrellas, el cielo, las plantas, los pájaros, la gente, la muerte. Todo es sorprendente.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Experiencias literarias

Había empezado una libretita nueva, y esto le traía una alegría bárbara, casi infantil. En ella leyó, esta mañana, la anotación de anoche. Triunfos literarios. Libros terminados. Experiencias literarias. Se referían, las dos primeras, a la sensación que se tiene cuando vamos terminando de leer un libro. Sobre todo, si son o fueron libros grandes, como Cien años de soledad, de García Márquez, o Todos los nombres, de José Saramago, que quedaran por bastante tiempo esperando. Las experiencias literarias, se referían a lo que uno va experimentando mientras lee. En particular, a lo que sintiera ayer al leer alternadamente São Bernando, de Graciliano Ramos, y Caetés, del mismo autor. Eran recuerdos poco evocados, de tiempos juveniles, luchas estudiantiles, mujeres a las que creyera amar en aquellos años. Un poema al que ilustrara. Que hablaba de un niñito dormido en su cunita pobre, cajón de madera, de madera y bolsa, bolsa de arpillera. Lo supo más tarde, su primera cunita había sido un cajón de manzanas que su madre lijara por dentro. Las memorias de esos tiempos vinieran con vivacidad mientras leía los libros de Graciliano Ramos, disfrutando del arte del escritor alagoano, que relataba, en São Bernardo, los avatares de su tentativa de escribir el libro que narrara su propia historia. Y, en Caetés, los pormenores de su vida en una empresa en la que trabajaba, que le dejaba tiempo para ir escribiendo un romance que contaba la vida de los índios caetés, de los cuales apenas sabía que habían existido, y que comían gente. Mientras leía estos libros en la sala de su casa, escuchaba de vez en cuando las charlas de la criada que contaba dificultades de su vida diaria, y expresiones de su fe común. Esto último le alegraba, pues reavivaba su propia fe, una fe sencilla, que aprendiera a explorar en profundidad en la lectura de los libros del Padre Comblin, especialmente en Vocação para a liberdade, donde se enfatiza el ser uno mismo la persona que es, como la máxima realización de la libertad de la persona. Esto le recordaba lo leído días atrás en Valise de Cronopio, de Julio Cortázar, acerca de que el artista se inmortaliza al transformarse en su propia obra. Estas cosas le llenaban el alma de alegría. Venían canciones de los tiempos juveniles, despreocupadas, llenas de esperanza, algunas libres de todo ideologismo, donde se celebra la vida y el amor. Otras, trayendo el eco de los reclamos por justicia, comunes a aquellos tiempos. Le admiraba cuanto tiempo había pasado. De pronto, se sentía de nuevo como al comenzar aquellas jornadas tan sencillas pero al mismo tiempo tan movilizadas, interna y externamente. Los trabajos con las compañeras y compañeros estudiantes. Los comunicados en las revistas que apoyaban el movimiento de transformación de la carrera de sociología. Las manifestaciones. La ocupación de la facultad. Todo esto evocado años después, en 2008, al conmemorarse los 40 años de la carrera de sociología en la UNCuyo. Se emocionara, ahora y antes. Qué tiempos, qué jornadas. Qué bueno haberlo vivido, recordarlo, saber que aquello fue muy bueno, positivo, constructivo. Cómo algunos movimentos sociales tiene gran impacto en la vida de las personas. No buscábamos tomar el poder sino hacer algo por nosotros mismos, por un país más justo, más igualitario, más abierto a las necesidades de las clases populares y los trabajadores. El tiempo pasó, y hoy siguen los reclamos por justicia. La defensa de los indios y las mujeres, la defensa de la vida de los jóvenes que son asesinados en las periferias urbanas. No podía dejar de emocionarse, otra vez. Parece que nada cambió, pensó. Pero cambió, seguirá cambiando. Ya no vivo en mi cudad natal, esa Mendoza querida a la cual vuelvo siempre que puedo, de una manera o de otra. Pero ahora es esto, ahora esta otra forma de seguir construyendo un mundo mejor. Más justo, sin explotadores ni explotados. Con gente cada vez más sabiendo que puede, que vale, gente que cree en sí misma, que confía en sí misma, que sabe que su vida vale la pena. Que la vida es un don divino, es un don precioso, y que hay que cuidarla, hay que hacer que sea cada vez más tu propia vida. No la vida que alguien proyectó para vos, sino la vida que vos hiciste por vos mismo, por vos misma, para tu plenitud y para tu felicidad. Y esto no es el programa de algún partido o alguna iglesia. Es el programa, si así lo podemos llamar, de movimientos sociales que se desparraman por la base de la sociedad, como la Terapia Comunitara Integrativa, que prosigue los trabajos de Paulo Freire y de la Teología de la Liberación en medio de las distintas clases sociales, construyendo el hombre y la mujer nuevos, como ayer, como siempre y para siempre, mientras haya vida, para que haya vida y la haya en abundancia. Y para no perder el tono con el que comenzaron estas anotaciones: sin perder nunca de vista el poder humanizador del arte, especialmente de la literatura y la poesía, que están al alcance de todos y de todas. Y que nos recuerdan, constantemente, que la belleza es el mejor camino hacia lo eterno. El más directo.

domingo, 28 de abril de 2013

¿Qué podrías llegar a decir de un día así? Un día que comenzó a todo vapor. Un día en el que parecía que todo sería posible. Un día en que la lluvia. Y los charcos en la calle. Y tú saliendo a caminar por la tarde, viendo los autos pasar y las flores de la casa de enfrente. Un día en que los recuerdos. Pero si mal no recuerdo, esto de los recuerdos ya venía viniendo. Y, sí, los recuerdos están siempre viniendo. Pero hay días en que el pasado está tan presente. Hay días en que el pasado es el presente. Me puse a dibujar un arco-íris en un bloc de dibujo en la mesa de la sala. Pintando despreocupadamente. Pintando o dibujando, pues eran lápices acuarelables, de esos como los que usaba cuando era chico. La cuestión es que mientras iba dibujando el arco-iris, el rojo intenso, el rojo menos intenso, el naranja, el amarillo, los verdes. Miraba los colores y a veces los sentía. A veces sentía los colores, otras veces, solamente pintaba, o dibujaba. En el fondo, una leve elevación de terreno. Pensé por qué no serían montañas. Por qué no las montañas de Mendoza. No sé por qué, pero fue solamente una leve elevación del terreno. Y bien adelante de quien mira, casi viniéndosete encima, un río caudaloso, pasando delante tuyo y debajo del arco-íris.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Siempre está la vida

Siempre está la vida. Aunque no siempre sepamos bien qué hacer. Siempre está la vida. Aunque no siempre sepamos muy bien qué es. Siempre está la vida. Aunque no nos cansemos de deslumbrarnos frente a ella. Siempre está la vida.

Espelhamento

Ontem assisti à partilha de trechos autobiográficos de José Hailton Bezerra Lyra, de Kairós-Nós Também Somos Igreja. Naquela pequena sala onde tantas vezes ouvíramos outros retalhos de vida de outros membros do grupo, um quebra-cabeças começava a se montar. Tanto, que perdi a noção do tempo. Creio que isto deva ter acontecido com outras pessoas presentes, também. Ouvia o companheiro partilhando momentos da sua infância, suas lutas por seguir os estudos de filosofia, suas viagens ao Rio de Janeiro e à Espanha. As dificuldades econômicas. A militância social. Não sei se como consequência desta escuta ativa em que me fui vendo refletido, de tarde, quando ia comprar alguma coisa pelas redondezas de onde moro, tive esta sensação: a vida vem chegando. Tudo foi muito rápido. Rememorei a minha própria vida, como em um relâmpago. A vida passou muito rápido. E hoje de manhã, agora, o dia de ontem volta. Voltam todos os dias passados. A infância, a adolescência, os tempos até este instante em que lês estas coisas. Isto é que é a vida, um fugaz espelhamento.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Deja que llegue la vida

A veces, de tanto haber corrido atrás de objetivos y logros, podemos haber dejado la vida atrás. La vida puede haberse quedado atrás, mientras corríamos atrás de metas y objetivos. Por eso, si uno para un poco, la vida puede ir llegando.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Estreitando o mundo

Ao longo deste tempo em que tenho me colocado no mundo sobre tudo como escritor, tenho recebido algumas expressões verdadeiramente valiosíssimas, de diversas pessoas, o que tem sido um estímulo muito grande para prosseguir nesta tarefa tão comunitária quanto solitária. Algumas dessas expressões tem valorizado o que as pessoas encontram nos meus escritos. Quero acreditar –e muitas vezes isto me é dito—que estes escritos e estas pessoas se espelham reciprocamente. Outras expressões se referem à minha pessoa, a qualidades que dizem ver em mim, e que reputo existam também em quem me as atribui. Dito isto, quero apenas dizer um muito obrigado bem grande. Um muito obrigado que não sei bem como dizer para que chegue verdadeiramente a todos e todas que possam estar lendo isto. Porque uma coisa é muito certa: sem essas leituras, sem essas leitoras e leitores, quem está do lado de cá da folha, não seria quem é, não teria chegado a este ponto tão valioso, de estar cara a cara com o mundo, cara a cara com a vida, sentindo-se parte de uma família imensa, que ultrapassa os limites geográficos do Brasil e da Argentina, chegando a gente de países da Europa. Não digo isto por me sentir um “autor de sucesso” ou um “escritor de sucesso”, e sim por sentir que neste ritual de alinhar palavras e as soltar ao vento, o mundo vai se estreitando. A estranheza, o estranhamento, vão desaparecendo. Sei que esta caminhada deve muito às pessoas que fui encontrando no meu caminho. Meus pais, minha esposa, minhas avós e os meus avôs, meus tios e tias. Meus irmãos, meus filhos e filhas, meus amigos e amigas, essa grande família com quem compartilho a vida.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Utopía

Hoje pela manhã, enquanto ia caminhando para a praia, tive certeza: não a morte, mas a vida, é da alçada do humano. Isto me deu uma alegria e uma tranquilidade muito grande. O dia foi passando, e, de tarde, lembrei de que hoje tinha uma homenagem a Paulo Freire na TV Câmara. Não consegui ver essa homenagem, mas a mera lembrança de Paulo Freire, me trouxe de novo essa alegria. A certeza de que, como humanos, estamos sempre atrás de uma luz inextinguível. A metáfora é de Herbert Read. Uma outra frase, de Viktor Frankl, me lembrou, agora já no início da noite, que a felicidade não é uma estação de chegada, mas uma forma de viajar. Lembrei de Dom Fragoso, de Comblin, da utopía, do que nos move.

Ubicación

Hay veces que uno trata de llegar. De algún modo sabes que te has quedado en otro sitio. No sabes bien adónde. Tratas de ir llegando aquí, aquí pero dónde, cómo, como dice Julio Cortázar. ¿Dónde es aquí? ¿qué es esto? ¿quién soy yo? ¿qué es todo? Las preguntas se agolpan, y no encuentras respuestas. Apenas te queda una sensación de perplejidad. La perplejidad del estar vivo, respirando, preguntando, admirándote de estar aquí, aún que no sepas bien qué es esto de estar aquí, ni dónde está el aquí o dónde estás vos. Foto: Julio Cortázar

domingo, 14 de abril de 2013

Integración

Volvías de las Ocas do Indio. Como tantas otras veces. Pero, diferentemente de esas tantas otras veces, estabas más entero. Eras más vos mismo. Yo puedo. Yo puedo ser. Esto martilleaba en tu consciencia. Recordabas el viaje de vuelta. Mossoró. Lajes. João Pessoa. Presencia. Estabas más presente. Cada vez más aqui. Cada vez más vos mismo. El caminho de vuelta. El camino de tanta gente que empieza a querer volver a ser quien es.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Vuelve la vida

A veces uno quisiera escribir algo sobre una cosa muy importante o muy linda, muy significativa, en fin, que le ha ocurrido o le está ocurriendo. Como ser sobre los días que pasamos juntos en Montecarlo, Misiones, en la formación del primer grupo de terapeutas comunitarios de Argentina. Uno quisiera contar como fue la llegada, las primeras caras, los primeiros apretones de manos. De donde sos, y vos. Parecía que nos conocíamos desde siempre. Las cabañas, las comidas. Los caminos de piedras. La niebla a la mañana. Las reuniones en la salita cerca de la pileta. Las ruedas. Qué me estoy llevando, qué me quiero llevar, ustedes me ayudan, sí te ayudamos. Búscalo en tu corazón, el camino que te lleva a la libertad. Búscalo, en tu corazón, el camino que te lleva al amor. No te entregues, corazón libre, no te entregues. Sólo tienes que empezar. Fluías como un río. Parecía que entre todos y todas, éramos como un solo ser. Un ser que se desdoblaba en las historias de cada uno y de cada una. En las caras de todos y de todas. De pronto algo muy bueno envolviéndonos. Los pinos de Misiones. Las cataratas. Los piqueteros. Guli guli. Los mensajecitos. Y ahora de pronto, esta mañana, como tantas veces durante estos días en Montecarlo, te emocionaste. La vida había vuelto. La vida volvió. Siempre vuelve la vida. Pero esto no son palabras vacías. Es lo más certo que consigo decir sobre estos días que estuvimos juntos en Montecarlo. Volvió la vida.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Pintando

Ontem pintei um quadro onde se vê um sol, um álamo, uma casa de campo com telhado vermelho, grama verde, e um caminho que termina no álamo. O que gostaria de partilhar aqui, não é isto apenas, mas algo que ocorreu de novidade, no processo de feitura da pintura. É que pude perceber que estava menos preocupado com o resultado, e mais atento ao desfrute do processo, a curtição das cores, e uma certa despreocupação quanto a algum perfeccionismo. Assim, ficou um quadro talvez não muito perfeito nos detalhes, uma cerca que poderia ter sido mais trabalhada, uns reflexos laranja no sol que não sei, não ficaram de todo mal. Hoje pintei um outro quadro, de uma flor concêntrica. Centro amarelo, e cores verde, vermelho e azul ao redor. Como se fosse uma expansão de cores. E hoje, também, e mais do que ontem ainda, foi um momento de descanso, e não um trabalho. Veio hoje uma sensação de desfrute mais intensa ainda. Ver o vermelho se espalhar, um vermelho laca gerânio, muito intenso. As cores nos tocam, dizem coisas. O verde se misturando com o vermelho ou com o amarelo. Estou gostando mais de pintar assim, sem muitas ideias prévias, deixando mais que alguma coisa venha.

domingo, 17 de março de 2013

Días

Hay unos días que uno trata de traer al papel, y como que se resisten. Como si quisieran tratar de escapar de la tentativa de que alguien pueda llegar a querer traerlos a la hoja de un cuaderno, a un lugar donde otras personas puedan ver. Sin embargo, uno insiste. Y de pronto te ves poniendo en la hoja, que esta mañana anduviste por la playa. Que nadaste, que viste las olas. Que viste esa superficie acuática en movimento, formando formas, y deshaciendo las formas que forma. Que a la tarde fuiste al supermercado y anduviste entre las frutas y verduras, entre tantas mercaderías de distinto tipo. Y que ahora hace un ratito nomás, viste una película com Macaulin Kaulkin, o como pueda llegar a escribirse. Y el día fue pasando, la tarde fue pasando, y la noche debe estar esperando en algún lugar, su vez y su hora de llegar.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Fluyendo

Vas de viaje, vienes de viaje, y en este vaivén, te pones a tratar de describir algunas de las cosas que puedan haber llegado a quedar en tu memoria. La gente en las salas de espera de Ezeiza, Aeroparque, Guarulhos, El Plumerillo. Las caminatas por las calles de Mendoza. La fiesta de la vendimia. La iglesia del Sagrado Corazón de Jesús. El encuentro con algunos viejos amigos, dentro y fuera. Este dentro y fuera parece cada vez más el propio pulsar de la vida. No puedo tener varios centros, tengo uno solo, es el amor. Esto no me hace invulnerable, no me evita el dolor, apenas me mantiene centrado y esto ya es bastante. Vuelves, y a la vuelta, la playa. De la montaña a la playa, de la playa a las montañas. Entre playas y montañas, vas tejiendo tu vida. Cada persona es un punto preciso, un ajuste exacto del tiempo y del espacio. A medida en que empiezas a vivir estas cosas, te vas aliviando. Es como si la vida te fuera llevando. Algo en tí se va acomodando, va ocupando su lugar. Vas ocupando tu lugar. Es como si fueras parte del río de la vida, un río que fluye constantemente. Vas por ahí, te dejas llevar, y esto es una aventura placentera. No todo el tempo. Están las piedras, que dividen el río. El agua se parte en dos y prosigue. Esto forma parte del proceso del vivir. Te partes, te repartes, y vuelves a juntarte. Esto te asemeja a la historia de vida de muchas personas. De repente recuperas una sensación como de inocencia, de algo primero, sin pasado. Una sensación de comienzo, de cosa inicial. Estos días en Mendoza andando por la calle Lavalle, una sensación interior como de oro, de algo precioso, amarillo. No el oro metal, el oro material. Pero tú mismo, devuelto. Tú mismo, otra vez. Nuestra tierra natal es un regalo, un regalo muy precioso para cada persona. Yo puedo ser. Esto te viene, pero no como ahora, no como algo dicho o pensado, sino como algo que es y que sos vos. Vos sos eso, ese yo puedo, ese yo puedo ser. Uno se va distanciando del comienzo, no como un alejamiento físico solamente, uno se va de su tierra natal y empieza a partirse, empieza a rasgarse. Pero el tiempo es generoso, te da un tiempo. El tiempo te da un tiempo, ¿no es gracioso? Ya no corres, o no corres tanto. Es otra vez aquello de dejarse llevar, de ir con el río, de ser río, de ser agua. De pronto outra vez en ese rincón donde comenzó tu existencia, vuelves al origen. Una parte tuya que no se fue, que no puede irse. Esa parte que permanece, que es el amor, es lo que nos constituye como personas. Esa quietud te acuna, te tiene en sus brazos. La madre tierra es ese abrazo, ese abrazo que te protege y te consuela. Ya ahora al fin de este intento de atrapar algunos fragmentos de este viaje tan singular, agradeces en tu corazón, calladamente, a la vida, que te ha dado tanto. Volver a los 17, volver, siempre volver, esto es vivir.

sábado, 2 de março de 2013

Chegando

Guardarias. Sim, guardarias as impressões desse dia. O passeio pela cidade em festa. Festa da Vendimia. Tanos anos depois. Os carros alegóricos. As árvores a cobrir as ruas. As pessoas pelas calçadas. O supermercado. As rainhas cumprimentando a multidão. Lavalle. Santa Rosa. Os portões do parque. O rosedal. O lago. Nada mudara, e mudara tanto. Tudo mudara, e tu também. O sol entrando pela folhagem. E tu e ela, de mãos dadas, num tempo atemporal. Caminhando, passeando, a ver o mundo.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Viajando

Antes de viajar. Acontecen muchas cosas antes de viajar. Una de ellas, que los sentimientos empiezan a mezclarse. Creo que esto le debe pasar a todo el mundo. Uno siente ya la tierra que lo va a recibir, sobre todo si es la tierra de uno, la tierra donde uno nació. Hay una sensación sin igual en esto. Volver a la tierra de uno, al lugar donde viviste los primeros años de tu vida. El tiempo allí como que se ha detenido. Hay algo muy quieto allí esperándote. También ocurre que empiezas a añorar anticipadamente el lugar donde vives, tus amigos y amigas, las pequeñas rutinas. Las plantas florecidas del patio y del jardín del frente. El rumor de los autos en la calle, la gente. De pronto te asimilas a ese flujo de gente que viaja, a esas salas de aeropuerto donde todo el mundo hace fila. Las funcionarias o funcionarios de las empresas aéreas que toman tus datos cuando vas a despachar el equipaje. Los funcionarios que te reciben el cartón de embarque. La gente atrás y adelante, a los lados. En los asientos, apretados. Los pasillos, los anuncios, las propagandas de la empresa aérea, los programas de millas. Lo que sientes cuando ves que el avión empieza a correr por la pista. Las azafatas pasando de un lado a otro. La comida. La llegada. Las autoridades de migraciones. Documentos. Los aviones estacionados. Los ómnibus que te van llevando. Los zaguanes. Los comercios de vitrinas iluminadas. Los productos, las mercaderías. La gente en los bares del aeropuerto. La espera. El nuevo embraque. Tantos embarques que ya parecen uno solo. Tantos desembarques. Tantas idas y vueltas que ya te parece que no has hecho otra cosa en tu vida. Los teléfonos públicos. La gente hablando, caminando como tú, los avisos de partidas en los letreros, las llegadas. Las montañas, al fin, a lo lejos. Los aguaribayes, el olor de las piedras y del viento. La nieve allá en lo alto, bien lejos, pero tan adentro tuyo. Llegando, partiendo. Partiendo, llegando. Las veredas, las acequias. La vieja casa. La historia, la memoria, viajando.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Tempo

Há algumas primeiras páginas verdadeiramente inesquecíveis. Lembro neste momento, da primeira página de A queda da Casa de Usher, de Edgar Allan Poe. A maneira como autor introduz o leitor ou a leitora na história. A forma como a personagem vai chegando às proximidades da casa de Usher. Outra primeira página notabilíssima, é a do livro de Rafael Alberti, La arboleda perdida. O autor se refere à abroleda perdida da sua infancia. Impossível esquecer o que o autor diz nessa primeira página. Como você de repente está la, naquela arboleda perdida da infância, onde tudo lembra passado, tudo é passado, tudo já se foi e no entanto está ali, e você também está ali. Esses dias atrás, li a primeira página de El otoño del patriarca, de Gabriel García Márquez. A mesma sensação. A primeira página já nos transporta a um mundo no qual não se sabe ao certo o que é o que, e, no entanto, é tão ou mais real do que este outro mundo, esta mesma máquina, este mesmo teclado desde donde são escritas estas palavras que você está lendo. Talvez finalmente tenha me decidido a partilhar estas observações, porque esta manhã, enquanto caminhava pela praia, via a água do mar chegando sobre a areia à minha frente, a água aparecendo quase parada, e no entanto estava se movimentando como sempre o faz. E as ondas, do mesmo jeito, pareciam se movimentar de maneira mais lenta do que o habitual, e no entanto, o seu movimento talvez fosse o mesmo movimento, na mesma velocidade, do que sempre foi e será. Quem pode saber?

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Alegría

De pronto mirabas la hoja. Tratabas de atrapar la impresión del día. Qué es lo que te habia llamado la atención ese viernes, esa jornada que ya iba acercándose a su fin. Las palabras tienen un lugar preciso. Cada palabra está allí por algún motivo. Algo te va diciendo. Y en esto que lees al escribir, esto que escribes y lees, te vas rehaciendo. Te vas reescribiendo, te vienes escribiendo a vos mismo desde hace ya tanto tiempo. Yo puedo ser feliz, pensaste, supiste esta mañana. Puedo ser feliz. A pesar de cualquier cosa. Lo que me alegra es más, es mucho más. Lo que trato de decir tal vez no se si conseguría llegar a decirlo. Es un transbordamento, una alegría, un éxtasis suave, tranquilo, que por momentos llena todo. La trama sutil del universo, el tejido mismo de la vida. Me río porque sí, pero este porque sí podría parecer despectivo, o inconsecuente. Me río por ser feliz, esta es la verdad. Me río como debí haberme reído cuando niño, cuando todo me alegraba. Es una gracia, y agradezco, alegremente, agradezco.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Anidándose

Cuando voy a Mendoza, mejor dicho, cuando me voy preparando para ir a Mendoza, comienzo a sentir días antes, como ahora, eso tan especial que uno solamente siente en su propia tierra, en su tierra natal. Uno se anida, siente esa profunda sensación de acogimiento, y empiezan a venir los buenos recuerdos. El parque, la alameda, Potrerillos, el Cerro de la Gloria. La familia. Los amigos y amigas. Los sueños de otros tiempos, que renacieron en la tierra donde vivo ahora, João Pessoa, Paraíba, Brasil. Vienen como en una ráfaga, tantas vistas. La montaña, el lago, los ríos que bajan cantando. Y uno canta también, dentro de su pecho, calladamente. Entonces tus veredas, Mendoza querida, y este mar que me acuna agora, son un solo nido, un solo espacio donde me contengo. Entonces sé, sin ninguna duda, que hay un lugar, hay un lugar en el mundo para cada uno, para cada persona. Y este lugar lo hace cada uno, cada una. Pero no hay lugar en el mundo como este al que llego, en el que estoy, cuando voy a Mendoza, cuando me preparo para ir a Mendoza.

Companhia

Às vezes coloco os materiais de pintura e de desenho na mesa da sala, sem saber ao certo se irei pintar ou desenhar. Não preciso me obrigar a isto. Mas faço esta ação, levo as caixas com cores, aquarelas, lápis, pastéis, como uma espécie de presente para mim mesmo. Como um agrado para mim mesmo. Desfruto deste ato de pegar a caixa de cores e os papéis, e levá-los para a mesa da sala. Ponho uns vidros com água. Pode ser que pinte ou não. Pode ser que desenhe ou não. Mas sei que eles estão aí. Cores e lápis, pincéis e borracha. E neste saber que estes materiais estão ali, algo em mim se satisfaz. Alguma parte minha, muito sutil, que já se espalhou em papéis em outros momentos, volta à tona. A pessoa é algo muito tênue. Não se completa apenas no fazer, por muito importante que o fazer possa ser. Há uma outra satisfação, tão ou mais importante, que é a desta espécie de expectativa, de espera, de contemplação, de possibilidade à espreita do que possa vir. Hoje, por exemplo, me dei este prazer. Os materiais estão lá na mesa, como aguardando. Isto me lembra das pinturas que fiz ontem, ou que vieram ao papel em dias anteriores. O dia está chuvoso. Pode ser que pinte ou não, que desenhe ou não, mas estou em boa companhia.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Costurando

Poucas coisas me devolvem tanto um sentimento tão bom, de unidade, de novidade, continuidade, permanência, como a tarefa de ir catando folhas velhas e costurando elas em direção a um novo livro. Folhas velhas e nem tão velhas, pois que muitas delas já viram a luz ao público, ou todas elas. Mas a reunião será nova. E se não irá ser um livro novo para quem for ler, o será para mim, que preciso me ver de novo em um livro que, novo ou velho, irá ter muito desta unidade da vida que apenas pode ser vista nas folhas impressas de um livro.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Domingo

Neste domingo, estou tendo uma experiência que gostaria de partilhar. Algo muito simples, até banal, poderia parecer. Mas não o é. A vida do dia a dia nos presenteia com algumas preciosidades que, na sua singeleza, preenchem a nossa alma. Saí para caminhar, como tantas outras vezes, pelas calçadas do meu bairro. Os bougainvilles da casa de em frente, os flamboyants. As cores lilás e amarelas, vermelhas. Tudo parece repetido, mas não o é. Saí andando e passei pela porta do prédio, o prédio em construção. Um senhor vinha no sentido contrário. Pensei em dar bom dia, mas não olhou para cá, e segui viagem. Passei pela calçada da padaria. Gente tomando café da manhã. A verduraria, com as suas vitrines imensas. Cheiro de frutas e verduras. Passei em frente ao cursinho, se é que é um cursinho, com a calçada esburacada. O muro cinza. A avenida Epitácio Pessoa. Os carros virando para cá, os taxis no ponto. O banco do Brasil. As pessoas indo em direção à praia. Peguei por uma paralela ajardinada. Andei até o calçadão e voltei para casa. Uma alegria nova me aguardava. As aquarelas. Os papéis, os pincéis, os lápis, as cores. Sentei para repetir o exercício do dia anterior. Ficar na frente dos papéis. Em volta das cores. A caixa com o carvão para desenho. A borracha. Isto era muito bom. É muito bom. Eu fui introduzido neste mundo pelos meus pais. Agora estava ali, esboçando uns traços. As flores caindo sobre a calçada. A silhueta da minha esposa em baixo das folhas verdes. Os laranjas, vermelhos, lilases, subindo para o céu. Hoje é domingo. Um domingo começado no dia anterior. Na leitura das palavras de um livro que nos lembra: Deus sempre conosco. Emmanuel. Nem sempre é muito fácil sermos fiéis a nos mesmos. Mas é necessário. Sinto uma profunda veneração pela vida. Admiração. Surpresa. Reverência. Não sei qual seja a palavra certa. O certo é que tudo isto é verdadeiramente muito surpreendente.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Pintando

Esta mañana me pasé un rato entre los colores y los papeles, pinceles, lápices. Hice un esbozo de unas hortensias, y el busto de una mujer. Pero de lo que disfruté, verdaderamente, fue de la compañía de los papeles, las acuarelas, los frascos con agua coloreada de rojo, azul, amarillo. Son una buena compañía. Vienen memorias infantiles, de otros tiempos. No siempre es necesario estar atentos al producto, al resultado, un cuadro, una pintura. El producto, el resultado, puede ser el mero disfrute, algo intangible, pero muy concreto, muy bueno.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Escribiendo

No sempre puedes escribir como lo estás haciendo ahora. A la tarde, por ejemplo, estabas haciendo gimnasia, y evocaste el escribir, el acto de poner palabras en el papel. Solo ésto, ya te llevó a ese estado sin igual en el que te encuentras cuando estás haciendo lo que haces ahora: escribir.