quinta-feira, 14 de junho de 2012

Encaixe

O dia fora chuvoso desde o amanhecer. Aliás, antes do nascer do sol, ou da chegada da claridade do céu, ouvira o canto do primeiro pássaro. Isto o alegrara. Passara algum tempo da madrugada a escrever. Essas horas quietas, aninham a alma, o tempo parece contido, dentro de si mesmo. De dia, fora para a universidade levar a sua esposa. As matas verdes. O sindicato, a greve. De tarde, mergulhara em diversas ocasiões, na leitura de A volta do parafuso, de Henry James. Fora até a lotérica perto do banco, pagar uma contribuição de uma empregada. Não costuma ter mais do que uma pessoa na sua frente, no guichê, de hábito. Desta vez, havia duas ou três. Viu o rosto do pedinte com a mão estendida, na calçada. O homem com o rosto deformado, conversava co algumas pessoas. Antes de efetuar o pagamento, observou uma senhora que saia da casa lotérica. A fila avançou, e pôde ver o rosto moreno, bonito, da atendente. Nesse momento, enquanto aguardava a sua vez, teve a sensação de que quem estava à sua frente, era o mesmo homem que estivera à sua frente das vezes anteriores que fora a essa mesma casa lotérica. Soube, ou teve a impressão, de que há uma ordem em todas as coisas, tudo está no lugar e na forma como deve ser. Talvez alguma demora em chegar até esse lugar, provocara o aumento na fila que já desaparecera. Agora era a sua vez. Deixou algumas moedas do troco na mão do pedinte, que lhe abençoou. Seguiu pela calçada, passando na fren de uma Kombi onde se viam filmes piratas à venda. Mais atrás e ao lado, a galeteria, e a feirinha de Tambaú, com bananas, abacaxis, colorida. Já de noite, relembrva o que lhe dera alegria nessa manhã. Recebera a ligação de um companheiro do grupo ecumênico, dando pela sua falta na reunião das 5as, feiras. Era o aniversário de Cida. Escrevera algumas linhas sobre a Terapia Comunitária. O dia fora cinza, chuvoso.

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