terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mesmo não sendo, tenho orgulho de ser paraibano.

365 dias atrás, morria em Mendoza Gita Lazarte , arquiteta, mãe de três filhos, todos brasileiros naturalizados. Poderia ter sido mãe de algum desaparecido. Talvez o fosse. De algum modo, todo argentino vivido nos anos do terror de estado (1976-83) o foi.

Hoje à noite, tive a oportunidade de ouvir novamente as estrofes de uma canção que diz: eu vejo tudo, eu vejo tudo, eu vejo tudo e faço de conta que sou mudo. Anos atrás, a ouvi no auditório da reitoria da UFPB, no Encontro Regional de Estudantes de Enfermagem do Nordeste.

Na oportunidade, agarramo-nos os braços e fizemos entre todos um grande coração, balançando para lá e para cá, ao som da voz trovejante de Zé Ramalho, se meu ouvido não me engana. Desta vez, eram as vozes jovens do coral universitário da UFPB, na comemoração dos 30 anos da ADUFPB. Eu faço parte dessa história.

Duas vezes eleito para dirigir os destinos da entidade, a instâncias de amigos e amigas de outros departamentos do que aquele onde fui lotado, desembarquei num espaço onde tornei-me gente, e não mais um pedaço de gente, como ate então, desde meu ingresso por concurso público no quadro docente da Universidade Federal da Paraíba.

Corria o ano de 1990. Collor de Mello. O marajá bandido. Os jovens na rua empurrando para fora do Palácio do Planalto um playboy malandrinho. Anos depois, um outro malandro, metido a sociólogo, completaria a tarefa inconclusa pelo infeliz aprendiz de casanova, metido a dandy.

Nesses anos todos, e desde muito antes da minha chegada nesta terra de sol quente e belas mulheres, dentre as quais encontrei a minha atual, e muitas amigas e companheiras de caminhada, a ADUFPB era já um espaço de agregação. De integração. De referência para os que chegavam, como eu, em busca de uma esperança, um sonho.

Nada melhor, ao chegar a este feliz aniversário dos 30 anos de existência, que agradecer à ADUFPB, a todos nós que a fazemos e a fizemos, pela oportunidade renovada que vem nos oferecendo ao longo dos anos, sujeito coletivo, para nos consolidarmos como entidade humana ativa e atuante, solidária e socialista, no melhor e autêntico sentido da palavra.

Superando divisionismos estéreis, pequeneces imbecis, estupidezes várias, que não cabe nomear sob o risco de as reificar, o mosaico de diretorias e associados que se mostram nas fotos do Centro de Vivência nesta semana, fala mais que qualquer discurso, incluindo estas breves palavras que já chegam ao fim. Apenas para festejar a vida mais uma vez.

Para dizer, como em algum lugar se lê e se ouve, viver é a lei. É isso aí: não há morte. Não existe morte. Nunca houve nem haverá morte. Viver é a lei. É isso aí.

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