quarta-feira, 22 de outubro de 2008

¿Dónde está el sur?

¿Dónde está el sur, en este corazón hecho a los rumbos de la vida? ¿Dónde el norte, donde el este? Escribía Cortázar, Julio Cortázar, allá por los lejanos días de 1977, cuando Argentina, como otros países del Cono Sur, Brasil, Chile, Uruguay, estaban pasando por la más oscura noche que nos fuera dado vivir. Jóvenes, en esos años despuntaban nuestras esperanzas, nuestra fe en la vida. Nacíamos al mundo, o andábamos dando nuestros primeros pasos en la construcción de una América Nuestra, una América Latina fraterna y humana, hermana y feliz, justa y pacífica. La respuesta fueron balazos. Tiros. Desaparecidos. Tortura. Sacanagem. Falsidade. Força bruta. Na calada da noite eu me dano: Chico Buarque, Cálice. Ainda pago para ver o jardim florecer qual você não queria, canta o inesquecível trovador, artista, dramaturgo também forçado, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, Mercedes Sosa e o próprio Cortázar, a deixar a terra pátria em busca de lugares mais salutares. Alguns artistas morreram, foram mortos pelos esquadrões da morte, os grupos parapoliciais e paramilitares a serviço do grande capital e das oligarquias. O tempo passou, Cortázar morreu, de morte natural, na Paris que aprendeu a amar e desde a qual varria o mundo com a sua alegria e a sua militância. As Histórias de Cronópios e de Famas, obra mestra do escritor argentino, sobreviverá na memória humana muito depois que tenham sido esquecidos os caçadores de gente que o forçaram a abandonar Buenos Aires sob ameaças de morte. A morte tornou-nos heróis. A ameaça de morrer nos tornou heróis. Teríamos sido nanicos, imbecis, estúpidos e tapados, e tornamo-nos heróis. Há que agradecer aos carrascos e algozes, aos torutradores e vendilhões, aos apátridas e mercenários, aos ladrões e mentirosos de toda laia. Sem eles nada seriamos. Nada de falar mal de Castelo Branco, Pinochet, Bordaberry ou Videla. Sem eles seriamos menos que sombras. Graças a eles tornamo-nos, você, eu, cada sobrevivente das matanças persistentes dos anos 60, 70, 80, astros. Fizeram-nos estrelas. Graças a elas descobrimos ma imensa humanidade que se estendia depois das fronteiras que nos ensinaram a temer. Brasileiro é imperialista, cuidado, diziam-nos nas escolas. Mentira. São fraternos. São ternos. Brincam de brigar. Protestam cantando. Choram rindo. Dançam para mostrar sua raiva. São sadios. Monumentos vivos nos tornamos. Em nós respira, como nos sobreviventes de Auschwitz ou Treblinka, aquilo que não morre. O que não morre porque não pode morrer. Aquilo sem o qual a vida não existe. Desiste. Insiste. Os sobreviventes da grande gaiola do meu país, como canta a canção de Chico Buarque, celebram, celebramos, cada dia celebramos e celebraremos cada vez com maior alegria, a chegada do novo sol. A vinda do dia a dia com seus afãs. A mesma mulher ao lado, o mesmo par de sapatos. O tabuleiro de folhas de tempo a nos mostrar o letreiro do Hotel de Belgique, como diz Cortázar. Cortázar. Borges. Pessoa. Como é bom ser feliz. Como é bom estar vivo. “No hay una cosa que no sea una letra silenciosa de la eterna escritura indescifrable cuyo libro es el tiempo. Quien se aleja de su casa ya ha vuelto. Nuestra vida es la senda futura y recorrida. El rigor ha tejido la madeja. No te arredres. La firme trama es de incesante hierro. Pero en algún recodo de tu encierro puede haber una luz, una hendidura. El futuro es fatal como la flecha, pero en las grietas está Dios, que acecha”, diz Borges, Jorge Luis Borges. O poema Tabaré, de Juan Zorrilla de San Martín, el uruguayo que dedica a su esposa muerta las estrofas del largo poema en que se elogia y revive la epopeya de los indios charrúas que poblaron las tierras de la Banda Oriental, dice, en algún lugar: flor nacida de una tumba. Flor nacida de una tumba. Registren esto. ¿Por qué poesías en tiempo de guerra? ¿Hay un tiempo que no sea de guerra?. La vida es lucha. Quem não luta morre, ou já morreu e não se deu conta. Por que o sindicato é o lugar onde nos reconhecemos gente, onde somos gente e não pedaços de gente? Porque ali funcionamos como coletivo, não mais como Fulano ou Cicrano, mas como uma força posta em movimento, capaz de mudar a face da terra. Um ser coletivo e ativo, atuante, militante. Viva a sociedade socialista. Viva o sindicalismo combativo. Viva a ADUF e os novos sindicalizados que hoje, 22 de outubro, se somam com seus sonhos e esperanças, à construção de um mundo melhor, no dia a dia do educador. Bemvindos e bemvindas.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Palavras de Alder Júlio Ferreira Calado sobre o livro Mosaico

Mosaico, de Rolando Lazarte
Novembro, 2003

No dia 13 de novembro de 2003, foi lançado o livro Mosaico, de autoria de Rolando Lazarte, no Parahyba Café, em João Pessoa, Paraíba, Nordeste do Brasil, com prefácios de Gita Lazarte e Luciano Ortega. A obra reúne poemas, ensaios e contos curtos, escritos entre 1996 e 2003, e pretende ser a primeira das memórias do autor[1]. Ao se referir ao livro, o sociólogo Alder Júlio Ferreira Calado[2] afirma:

“Refinado labor de engenho e arte, combinando linguagens bem diversas, o Mosaico se acha pontilhado de imagens, de cores, formas mil; de valores, saberes, de sabores, e de plantas, de odores, e de ritmos... O Mosaico é traçado, é tecido de “n” fios polêmicos/polissêmicos, cada ponto evocando tantos outros, sendo o todo presente em suas partes. Tempo e espaço se cruzam em cada tema, cada trama envolvendo “eu” e “nós”, que se nutrem do riso, da esperança, e também se alimentam do pincel, dos desenhos do ócio, o não-lugar, do bom vinho, da música; da saudade, à memória dos Beatles, de Cortázar, Max Weber, de Borges, Graciliano, de Pessoa, de Gita e de Omar... Renascendo das cores e das plantas, do gorjeio dos pássaros e da brisa, da mãe-terra, das águas e do fogo. Liberdade trazendo vida plena... Solidão solidária e memória: “Las paredes eran textos, el cielo frases, el piso hojas.”

Ao se referir a Rolando Lazarte, Alder Júlio Ferreira Calado diz: “Sociólogo de formação, humanista por vocação. Num contexto hegemonizado pela ideologia do 'pensamento único', seu estilo antipositivista e libertário incomoda a não poucos. Seus escritos, desde pelo menos a 'Cidadela Sociológica', suscitam polêmicas junto à oficialidade acadêmica. Por outro lado, há de se destacar o acolhimento que vem recebendo seu livro Max Weber: Ciência e Valores, reeditado pela Cortez e a publicar em espanhol próximamente. O prof. Rolando Lazarte tem atuado em várias frentes de produção de saberes. Principalmente nos últimos anos. Inútil tentar classificá-lo (não somente, aliás, no plano estritamente acadêmico). É dos poucos de quem se pode dizer que transita, com fluidez e leveza, por distintos campos de saberes, de modo a costurar-lhes com estilo as respectivas interfaces. O cultivo do domínio artístico lhe tem resultado preciosa fonte de suas inspirações de escritor assíduo, do que o livro ora editado constitui inequívoco atestado".


Este texto foi extraído da Revista Eletrônica Consciência http://www.consciencia.net/2003/11/22/mosaico.html

Conte a sua história

Diga lo que le pasa, ou, se preferir, diga o que se passou com você.
Quando deixou sua terra natal y veía por las janelas del ônibus uma ciudad interminable desfilando diante dos seus ojos. E aquele nó na garganta, ou, se preferir, ese nudo en la garganta, que es casi lo mismo, pero no es igual. Diga cuánto le gusta esa rubia simpática que fala pelos cotovelos sin que su esposa lo sepa. No se calle, aunque le digan que o seu sotaque é esquisito, que a sua fala é enrolada. Cuente su historia, no importa cual seja ou tenha sido, o la que le gustaría vivir. Deje volar sus pajaritos, que canten y vayan por ahí. Proclame su propia lengua, diga lo que le parece, pero no todas las veces. Não deixe que uma língua alheia, a fala do outro, cale a sua voz. Y si no quiere contar nada, tampouco se obrigue, camarada, mas saiba que a palavra calada é uma faca apontada à sua corda vogal. E que embora seja parecido, não é igual calar que silenciar. Não dizer que fechar a boca. Portuñol y portenhol. Castellano antiguo e português. Pois é, che, oxente. Oh, gente!

Mesmo não sendo, tenho orgulho de ser paraibano.

365 dias atrás, morria em Mendoza Gita Lazarte , arquiteta, mãe de três filhos, todos brasileiros naturalizados. Poderia ter sido mãe de algum desaparecido. Talvez o fosse. De algum modo, todo argentino vivido nos anos do terror de estado (1976-83) o foi.

Hoje à noite, tive a oportunidade de ouvir novamente as estrofes de uma canção que diz: eu vejo tudo, eu vejo tudo, eu vejo tudo e faço de conta que sou mudo. Anos atrás, a ouvi no auditório da reitoria da UFPB, no Encontro Regional de Estudantes de Enfermagem do Nordeste.

Na oportunidade, agarramo-nos os braços e fizemos entre todos um grande coração, balançando para lá e para cá, ao som da voz trovejante de Zé Ramalho, se meu ouvido não me engana. Desta vez, eram as vozes jovens do coral universitário da UFPB, na comemoração dos 30 anos da ADUFPB. Eu faço parte dessa história.

Duas vezes eleito para dirigir os destinos da entidade, a instâncias de amigos e amigas de outros departamentos do que aquele onde fui lotado, desembarquei num espaço onde tornei-me gente, e não mais um pedaço de gente, como ate então, desde meu ingresso por concurso público no quadro docente da Universidade Federal da Paraíba.

Corria o ano de 1990. Collor de Mello. O marajá bandido. Os jovens na rua empurrando para fora do Palácio do Planalto um playboy malandrinho. Anos depois, um outro malandro, metido a sociólogo, completaria a tarefa inconclusa pelo infeliz aprendiz de casanova, metido a dandy.

Nesses anos todos, e desde muito antes da minha chegada nesta terra de sol quente e belas mulheres, dentre as quais encontrei a minha atual, e muitas amigas e companheiras de caminhada, a ADUFPB era já um espaço de agregação. De integração. De referência para os que chegavam, como eu, em busca de uma esperança, um sonho.

Nada melhor, ao chegar a este feliz aniversário dos 30 anos de existência, que agradecer à ADUFPB, a todos nós que a fazemos e a fizemos, pela oportunidade renovada que vem nos oferecendo ao longo dos anos, sujeito coletivo, para nos consolidarmos como entidade humana ativa e atuante, solidária e socialista, no melhor e autêntico sentido da palavra.

Superando divisionismos estéreis, pequeneces imbecis, estupidezes várias, que não cabe nomear sob o risco de as reificar, o mosaico de diretorias e associados que se mostram nas fotos do Centro de Vivência nesta semana, fala mais que qualquer discurso, incluindo estas breves palavras que já chegam ao fim. Apenas para festejar a vida mais uma vez.

Para dizer, como em algum lugar se lê e se ouve, viver é a lei. É isso aí: não há morte. Não existe morte. Nunca houve nem haverá morte. Viver é a lei. É isso aí.

Divino Mestre

Divino Mestre,
Cristo Jesús,
Dios, desde la noche de mi ayer,
Dios, cuando perdí a los que amé.
Dios, Cristo Jesús, siempre sin llamarte te encontré.
Hoy te llamo, Cristo Santo, hombre de Nazareth, aquel que con pies descalzos salió por el mundo a proclamar la buena nueva. Dios les ama, hombres y mujeres de poca fé: Tan encarecidamente los amó, que envió su hijo unigénito no para condenar el mundo, sino para que aquellos que en él creyeren, no muriesen, sino tuviesen la vida eterna.
Tú me respondiste cuando te llamé. Yo soy la puerta, dijiste. Talvez me haya olvidado de llamar. Talvez no haya golpeado con bastante fuerza. Talvez, tantas voces, tantos libros leídos, la tuya se confundiera con alguna de todas esas muchas, o con la suma de ellas, creando un mosaico indistinguible.
El caso es que hoy mi voz te nombra y llama tu nombre, quiero oírte otra vez. Quiero saber qué quieres de mí. Que me quieres. Que te has ido a prepararme un lugar. Que habitas en mi corazón. Que estuviste conmigo en cualquier caminada. En la montaña de Puente del Inca en mil novecientos setenta y siete, cuando te cantábamos en coro desafinado o no, con mucho amor, entre los compañeros soldados de la compañía de esquiadores de alta montaña ocho, teniente primero Ibáñez.
Necesito saber que aún estás allí, y quiero que me digas qué quieres de mí. Poder hablarte como de niño, que no sé cómo te hablaba. Eras una luz en mi oscuridad. Yo creía en vos sin saber que creía. Más vale te sentía, sabía de ti. Eras una luz en la gran oscuridad de mil novecientos y sesenta y dos, cuando todo pareció acabar por segunda vez. Ya no era la soledad de no tener a Leo y Arturo en casa, ni la soledad de no ser la niña y sí el niño esperado.
Quiero saber que aún te lembras de mí.
Que aún puedo llamarte y me oirás y vendrás a mí como siempre lo hiciste.
Aquella vez en la policía federal en Buenos Aires, qué miedo. La escalera a la muerte. Mil novecientos setenta y ocho.
Hubieras entrado conmigo al chupadero.
Quisiera saber cómo te llamo, que se me confunde el entendimiento y ya no sé más. Necesito que me digas.
Llamame así, hijo de Gita y de Omar, hermano de Arturo y Leo, padre de Natalia y Rodrigo, Carolina y Leonardo.
Llamame así, y yo te llamaré.
Señor Jesús Cristo, ten piedad de mí.
My Sweet Lord.
Dime cómo quieres que te llame y así lo haré.
Pero tengo que saberlo de tí.
De aquél mismo que sin sandalias en los pies anduvo por las arenas escaldantes del desierto. Debe haberte dolido mucho, ¿no, Señor?
Acuérdate de este humilde escritor, alguien que se ve y vive en las letras.
Alguien que de tanto leer ya no sabe más cuál es el camino.
Te confundió con cualquier camino.
Yo soy el camino, dijiste, la verdad y la vida.
Pues ven a mí, Señor, esta tarde que se anuncia con vientos en la rua da mata, Cabo Branco, João Pessoa, Paraíba.
Sabes dónde queda, ¿no?
Pues aquí te espero, o cuando y donde quieras. Te espero, Señor Jesús.
Mi Dios y mi todo.
Sí, con Francisco de Asís, digo mi Dios y mi todo.
Divino Mestre
Te espero.
Cuando quieras será la hora.
Pues vienes a mi encuentro con las bênçãos da bondade.
También conoces portuñol, así que no hay problema de ouvidos fechados.
Sotaque esquisito. Fala enrolada.
Sabes todas las lenguas, ¿pois não?
E tampouco te importaria se te falasse em inglês, que ainda não sei como te chamar, como dizer.
Soa-me mais cálido em meu velho português-argentino, que já não distingo Jesus em português ou em castelhano, salvo pelo acento.
Tampouco farias questão se introduço ou esqueço o nosso infaltável signo de interrogação no início de uma frase ou alocução, pois já sabes se é uma pergunta ou não.
Mas já estou supondo muito demais.
Por quê voltei ao cristianismo, pergunta Lao-Tse no artigo da revista Seleções do Reader´s Digest que comprei em Mendoza anos há.
A revista era antiga, como as que abuelo Juan colecionava.
Talvez eu esteja repetindo o gesto, com é comum, fazendo coleção para meus netos ou, quiçá, para os meus filhos ou ao menos algum deles. Quem sabe?
Olhem as flores do campo, ouço as tuas palavras.
¡Miren las flores del campo!
Look at the flowers of the countryside. Não soa bem. Deve ser de outro modo.
Talvez Benny ou Ednaldo possam me aclarar na próxima aula do Wizard de Mangabeira.
Quando las miro, Señor, me acuerdo de ti.
Talvez ese sea mi modo de seguirte.
Vengan a mí, ustedes que están cansados y trabajados, que yo los aliviaré.
Porfiad de entrar por la puerta angosta.
Ad Augusta per Angusta.
Ven, sígueme.
Mariápolis, tanto tiempo después. Bueno, pues no te estoy dejando hablar.
Habla, Señor, que tu siervo escucha.
Con la palabra, el Cristo de Dios.
Cristo del Señor.
El Señor Jesús Cristo. Cristo ecuménico, o como quieras que te llame.
Tú, solo Altísimo, como dice la canción de Mercedes Sosa.
Jesús Cristo, como canta Roberto Carlos.
Jesucristo americano, como dice Daniel Toro.
Señor de la Quebrada.
San Ernesto de la Higuera.
Che Guevara.
Max Weber.
I need You. Linn Rimes.
I need you more than ever.
Let´s spend the nigh together, agregaría pícaro Mick Jagger.
Really want to see you,
Really want to go with you, but it takes so long, my Lord, my sweet Lord. Mmmm, my Lord, replica George Harrison desde la eternidad.
I am waiting, vuelven los Rollings, en la eterna réplica brincalhona con los cuatro de Liverpool.
El sembrador salió a sembrar.
El pastorcito de Dom Fragoso, aquél que cuida de las aves del cielo y de los lirios del campo.
Creo que ya respondiste. Sí, ya lo dijiste. Así te llamo, Señor. De todos estos modos y mais alguns, como diria meu amigo Alder Júlio.
Damián não gosta muito de propaganda, como bom discípulo de Cristo. Mas não esqueçamos que a propaganda é a alma do negócio.
Não tivesse este escrevinhador visto e sido seduzido pelos livrinhos evangélicos contando a tua vida e as tuas obras, não te conheceria, Senhor.
Eu sou a luz do mundo, disseste, quem me segue não tropeça com seu pé em pedras, pois sobre seus caminhos se derramarão rios de luz viva.
E aqui te deixo com a palavra.
Mestre Jesús, é a sua vez.
Eis me aqui, Senhor.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

creo en dios

creo en dios
desde que te conozco
le sacaste a la vida
afanes de teología
juntabas en tus manos
la ternura de una niña
la pureza de un anciano
la vida es el texto sagrado
dijiste en casa de lia cierta vez
cuentas mis cuentas: nada te faltará
en ti se cumple la profecía.
vi su rostro en tu rostro
un jesús más perto
jesús en tu cara en la rodoviaria de joão pessoa
te ibas a las ocas do indio en misión a que me plegué
te veo bailante dançante tamborilante
la tentación me visita en la puerta
sé que debo cuidarme
cuidarte
eres tú
mi dios mais perto
un dios no teológico
no libresco
un dios más aquí
un dios no dios
no dios sino tú
y
yo
no dos sino uno
dos en uno
como los chicles adams
yo y tu
como decía martin buber
mujer, si puedes tú con dios hablar
decile que nunca dejé de te amar
y te amar
y te amar de novo

(para maría filha)

domingo, 19 de outubro de 2008

BIBLIOTECA

MAX WEBER, CIENCIA Y VALORES - Rosario-Buenos Aires: Homo Sapiens, 2003
MAX WEBER: CIÊNCIA E VALORES - São Paulo: Cortez Editora e Livraria, 2001. 2a. ed.
MOSAICO - João Pessoa, Paraíba: Editora Universitária da UFPB, 2005

Estamos disponibilizando lista para nuestras publicaciones digitalmente disponibles. PEREGRINANDO, por ejemplo, con prólogo de Gita Lazarte, puede ser leído en http://www.4shared.com/file/50217593/ba65140b/Postmortem.html

Artículos - Artigos: Pueden encontrarse en Consciencia.net Veneno.com La insignia, El Ortiba, El Exilio de Gardel, Observatório da Imprensa, bien como en otros lugares donde el Dr Google Google los encuentre. Entre ellos, se mencionan los siguientes: A cidadela sociológica Revista Humanidades, Brasília, UnB,1990 - Os outros mundos do homem e a sociologia (Textos CCHLA, UFPB, Joã Pessoa)- Sur, paredón, y después (Publicado em português na Revista Conceitos, da ADUFPB. Traduzido ao espanhol por Gita Lazarte e Maria Filha) - Argentina, Ayer nomás (Originalmente Memória, História, Cenoura, na revista Conceitos, da ADUFPB, João Pessoa, 1996) - El sector informal urbano: una revisión conceptual bibliográfica (Revista Problemas del Desarrollo, México) - Migraciones y mercado de trabajo (Nueva Sociedad, Caracas, Venezuela)- Religiosidad: A revolta interior de Osho, Religiosidad y Movimientos sociales (Homkines, Puerto Rico). Temas demográficos, sociológicos, políticos, poesía, literatura (cuentos, crónicas). Otras publicaciones donde el autor colaboró: Cadernos do CEAS (Salvador, Bahía), Revista Sociologia (São Paulo ESPSP), Estudos IUPERJ (Rio de Janeiro), CEBRAP (Catálogo de publicações- 25 anos do CEBRAP), Centro de Estudos Migratórios de São Paulo: CEM: Cadernos de trabalho de base nas CEBs, com Ruben Ricco. Cadernos do CCHLA (João Pesoa, UFPB). Estudos IDEME (João Pessoa), Revista do ICI (Mardid, España)- ESPSP Repensando a Escola e a Fundação (diretoria coletiva da ESPS, São Paulo)

mendoza

Mamá Gita

Si tengo que ir a Dios, y talvez esté volviendo, tendrá que ser por mi camino. Un camino hecho de indecisiones y conflictos, tareas inacabadas y rencores y miedos no procesados. Son casi las seis de la mañana del diecinueve de octubre de dos mil ocho. Una canción toca en la vitrola, los sagüis de la mata que rodea mi casa entonan sus silbidos. Como siempre, el mar arrulla y algún auto atraviesa las horas que separan la noche del día que ya comenzó. No podría enumerar la suma de los pensamientos que pasaron por mi mente desde que me levanté hasta ahora. Soñé con Gita, mi mamá. Hacía tiempo que no soñaba. No recuerdo el sueño, sino vagamente algo azul celeste claro, interacciones, algo que se compensaba o equilibraba. Miro la tela y recuerdo los papeles en que, ayer nomás, escribíamos todos los humanos. Hojas en blanco sacadas de alguna gaveta o cuadernos o libretas o cosas así. Hoy, esta tela sin hilos, recoge las palabras que se dibujan como trazos de sombra entre las luces de los blancos que las dibujan. No son las letras que, antiguamente, de niños, dibujábamos en los cuadernos de caligrafía en los bancos de madera dibujada y lustrada, que tocábamos de mañana y a veces tenían tiza o polvo. Había tinteros en el lado izquierdo del pupitre, que así se llamaban los bancos de las escuelas, con una oreja fija que venía hacia delante, y sobre la cual escribías o leías o dibujabas. No sé si vos lo hacías, pero nosotros sí. Nosotros lo hacíamos así. Hacia Dios, si tengo que ir, y ya te digo, amigo lector o lectora, la aclaración se tornó obligatoria para evitar acusaciones de machismo, chauvinismo u otros ismos no menos ístmicos, si tengo que ir, digo, y talvez esté viniendo como cada uno que respira viene, pues si no, de dónde viene el aire sino del Dios que afuera está al dios interno, si es que así las cosas pueden ser divididas. Así puestas las cosas o así, dicho, como prefieras, la cosa no es tan complicada, o no lo es en absoluto. Y lo repito, pues es para mí que escribo: Si tengo que ir a Dios, y talvez esté volviendo, tendrá que ser por mi camino. Un camino hecho e contradicciones, marchas y contramarchas, imperfecciones, dudas, conflictos. Cosas empezadas y dejadas por la mitad, rencores no trabajados, miedos, todo eso que es vivir. Tentativas de copiar a los demás no haré más, al menos por ahora. Ya traté de imitar a Cristo, Lennon, Gandhi, Guevara, etc, y me dí mal. También traté de inspirarme en gente más cerca, como Mamá, María, Marcelo, marche! No me fue mejor. Siempre me quedaba atrás, y descontento, frustrado. Ya traté d epadronizar mi camino de distintas formas. Me apegué a Dios de distintas maneras fijas o mutantes, en vano. No soy el Dios de San Francisco ni el de Santa Teresa de Ávila ni el de Santa Teresita del niño Jesús. No el de Sai Baba o George Harrison. Ni el de Ringo Starr o Paul Mc Cartney. No podrían faltar mis hermanos Leo y Arturo. Paro antes de citar mis hijos pues de ellos sí viene algo como una inspiración o guía. Llueve en esta mañana en que se cumple el primer año de la muerte de mamá Gita. Los sentimientos son mezclados. Alegría y tristeza. Perpejidad. Y más que las palabras no consiguen transmitir. Pienso qué haría ella, y a veces viene la lembranza de lo que ella hacía o decía. Otras, apenas sus decires para mí, en particular: VOS NO TENÉS QUE, VOS YA SOS. O VOS SOS.
Vos no tenés que, vos ya sos. O vos sos. Tornar-se e ser (Osho) Tener o ser (Fromm). Conversión o ser. Reconocimiento de lo divino en mí. Ya me fue mal con estas identificaciones. Lo mejor talvez sería dejar a Dios en paz y a mí también, sin Dios y sin pesos teológicos en un vivir que, en sí mismo ya es muy admirable. Fascinante. Despertarse en la mañana y recordar al menos vislumbre de un sueño. Sentir profundo. Respirar. Pararse en el piso. Admirable. Empiezan los conflictos: ¿medito o no? ¿Lo hago así o asá? María, Gilvandro, Pádua, el tropel de pensamientos comunes. La lembranza de amaneceres distintos, más solemnes pues cargados de oraciones e invocaciones e himnos. Propósitos densos, inflexibles o inspirados. Nada de eso hoy, en que los cantos de los pájaros y los silbidos de los sagüis, el arrullo del mar, se entremezclan en una sonoridad a la que se agrega un auto que pasa.