domingo, 11 de setembro de 2016

O golpe e a vida

Manhã de domingo. Chove e as lembranças. A noite passada. Bar-café em família. Intermares. Vale a pena conferir: Buarque-se. Deixar o golpe de lado, ao menos em parte. Que o golpe não seja tudo nesta vida. Tem a vida em sí, que é mais do que qualquer golpe passado, presente ou futuro. Embora a lembrança daquele golpe que não houve como revidar, ainda doa. Há de doer sempre, acredito. Talvez doa até o fim. Mas tem também o que se aprende com os golpes. O que foi que aprendi mesmo com o golpe de 1976? Aprendi que se pode. Se pode sobreviver, e se sobrevive. Ontem à noite isto me ficou claro. O golpe vai passar. Os golpes passam, ainda os mais truculentos. Passam, e a vida fica. Passamos nós também, um dia. E das cicatrizes nascem flores. Nasce competência sanadora, quando tudo é medo e escuridão. Nasce uma força interna incomensurável, capaz de vencer todos os obstáculos. Lembro destas coisas nesta manhã de domingo, quando a chuva. Para saber que vamos crescer com este golpe. 

Nenhum comentário: