Manhã de domingo.
Chove e as lembranças. A noite passada. Bar-café em família.
Intermares. Vale a pena conferir: Buarque-se. Deixar o golpe de lado,
ao menos em parte. Que o golpe não seja tudo nesta vida. Tem a vida
em sí, que é mais do que qualquer golpe passado, presente ou
futuro. Embora a lembrança daquele golpe que não houve como
revidar, ainda doa. Há de doer sempre, acredito. Talvez doa até o
fim. Mas tem também o que se aprende com os golpes. O que foi que
aprendi mesmo com o golpe de 1976? Aprendi que se pode. Se pode
sobreviver, e se sobrevive. Ontem à noite isto me ficou claro. O
golpe vai passar. Os golpes passam, ainda os mais truculentos.
Passam, e a vida fica. Passamos nós também, um dia. E das
cicatrizes nascem flores. Nasce competência sanadora, quando tudo é
medo e escuridão. Nasce uma força interna incomensurável, capaz de
vencer todos os obstáculos. Lembro destas coisas nesta manhã de
domingo, quando a chuva. Para saber que vamos crescer com este golpe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário