segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Faz sentido

De volta em Lagoa Seca. Outra vez no colégio Marista. Há uma familiariedade ao retornarmoa a alguns lugares onde tivemos muitas alegrias. Alegrias de reencontro de trajetórias vitais. Alegria de recuperação de um sentido maior de vida, que é o que nos da a Terapia Comunitária Integrativa. Faz sentido estar aqui. Faz sentido acompanhar estas atividades de Cuidando do Cuidador. Faz sentido continuar acreditando em um crescimento coletivo, em uma libertação pessoal que se realiza em comunidade, na comunidade, nesta rede da TCI, nas redes da família, nas redes das atividades de cada um, de cada uma, no tecido do cosmos. Hoje, quando vinha de carro para cá, Maria do meu lado, pensava, como faz sentido para alguém como eu, como faz sentido para mim, esta costura. Este estar vindo mais uma vez para estes encontros em que venho acompanhando Maria desde já faz exatamente 11 anos, uns meses a mais é isto. Faz sentido a gente saber que estamos participando de iniciativas que somam pessoas em busca de si mesmas. Profissionais da saúde do município de João Pessoa, neste caso, que vem se formar como multiplicadores em técnicas de recuperação da auto-estima. Da criança ferida para a criança maravilha, para a criança feliz. Cómo as feridas que se teve em criança, deixaram como marcas, uma compulsividade, uma raiva, uma agressividade contra os outros mas, mais ainda, contra si mesmo ou si mesma. Agora o pessoal está iniciando a jornada no auditório, e eu escrevendo estas impressões. No centro do pátio, a estátua da virgem com o menino. O som de um tero-tero na distância. As muriçocas no quarto. Uma sacola com livros e cadernos à esquerda. À direita, uma televisão, remédios contra a tosse, uns celulares. Os corredores lá fora, mais longe, o outro auditório, com o piso xadrez. Mais longe ainda, lá fora já do prédio, os campos de futebol, os jardins, as flores, as árvores. Dizia eu faz sentido estar aqui. Faz mesmo, e não me canso de repetir. È o nosso salário afetivo, como diz o Prof. Adalberto Barreto. Sabe por que faz sentido para mim estar aqui? Porque aqui resgato a minha história, saro das minhas feridas da vida toda. Somos outra vez gente em movimento. Outra vez gente confiando em gente. Outra vez, gente somando com gente, gente fazendo com gente. E fazendo coisas boas. Gente trazendo gente de volta das ruas, da solidão, do abandono, da depressão, da drogadição, da violência, do esquecimento, da dissociação, da indiferença. Gente num útero imenso.

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