segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Pertencimento

Hoje saí dar uma volta pela praia de Cabo Branco. Senti as areias suaves. O mar cinzelado. A sensação de que o mundo em que vivo é um mundo feito pelas minhas próprias mãos. Tendo lido vários dos escritos do meu novo livro, Libertatura, esta sensação tem uma origem precisa. Esses relatos, o que escrevo, vão solidificando uma sensação de pertencimento. É como se o mundo em que vivo não estivesse lá fora, mas dentro de mim, ou como se eu estivesse andando por um mundo que me contém por completo. Isto é uma sensação nova e velha, ao mesmo tempo. Este novo livro contém relatos deste viver que vai se tornando, cada vez mais, um viver unificado. Uma sensação de paz que não exclui os conflitos, mas que os mostra como tendo a sua origem, geralmente, em atitudes minhas que posso mudar. O sentimento de que o tempo vai se ajustando, tudo vai sendo como deve ser. Tudo está onde deveria estar, e eu também. Uma ideia-sentimento de pertencimento, de ser um com tudo. Alguns dos relatos deste meu novo livro falam em pintura, em cores. Também em literatura, poesia. E o que consigo perceber, hoje que saí caminhar por dentro do meu mundo, é que temos a possibilidade, como seres humanos, de fazer o nosso mundo com as nossas próprias mãos. Então saímos da condição de vítimas, tão penosa. E podemos desfrutar deste fato magnífico que é o de fazermos parte de um todo em movimento que nos inclui, que nos contém por completo.

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