Tenho dado uma lida ao discurso que o papa Francisco
pronunciou no Encontro Mundial de Movimentos Populares. Uma lida não é uma
reflexão aprofundada, mas, sim, uma espécie de voo de pássaro que permite
trocar com quem possa estar lendo estas anotações, algumas impressões.
O primeiro que senti, foi a sensação de que quem estava a
falar, era uma pessoa humana, alguém que se sensibiliza com a dor e o
sofrimento dos mais, dos explorados, dos que sofrem injustiças de todo tipo,
derivadas de um modo de organizar a economia, a sociedade e a vida humana,
centrado no dinheiro e não nas pessoas.
A fala do papa com estas pessoas de movimentos populares de
diversos países do mundo, me tocou profundamente, porque senti que à frente da
Igreja católica, tem um ser humano que não se perdeu pelo poder, pela posição
institucional, e nem tampouco por uma crença ou uma ideologia.
Também é alguém que não tem medo de dizer o que pensa e o
que vê. Tive a impressão de que o papa Francisco é alguém que tem esperança,
alguém que acredita que é possível mudar a sociedade centrada no dinheiro e na
acumulação de capital, a partir de esforços coletivos que --ele enfatiza--, tem
a ver com os valores das classes populares.
A solidariedade, principalmente. A noção de que todos
precisamos dos demais. O papa retoma temas que vêm apresentando como
preocupações suas desde o começo do seu mandato: a exclusão dos jovens do
mercado de trabalho, e a exclusão dos idosos.
Estas reflexões que o papa partilha, deixam bem em claro que
hoje à frente da Igreja católica tem alguém muito distanciado de aquele tipo de
discurso vazio que não desagrada ninguém, e que poderia ser endossado por quem
quer que seja. Esse tipo de discurso inócuo, foi deixado para trás pelo papa
Francisco.
É um tempo de esperança e ação. Não posso deixar de apontar
o quanto me agrada ver no cenário mundial atual, uma pessoa como este papa.
Alguém que se preocupa com o bem-estar dos seus semelhantes. Alguém que além de
enxergar os problemas estruturais que se originam no capitalismo, denuncia
esses males e aposta no trabalho coletivo no sentido da construção de uma
sociedade mais justa e mais humana, centrada no amor.
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