Hoje vinha de Praia Bela, contemplando a bela paisagem em
volta. Pensava que há razões para que a Argentina seja peronista, na sua
maioria. Eu, como argentino, me beneficiei de uma educação pública que punha ao
alcance da maioria da população, independentemente de nível de renda, acesso à
escola e à universidade. Obviamente, havia quem das classes mais abastadas, preferisse
os colégios e universidades particulares. Mas a maioria, nos anos em que me
eduquei na Argentina, podia estudar.
Pensava, enquanto voltava para minha casa
em João Pessoa, continuando a desfrutar das belas paisagens das praias, do
verde e do céu azul, que na Argentina, as pessoas das classes dominantes, têm
motivos para odiar o peronismo. O peronismo distribui riqueza, eles querem
concentrar, eles não querem partilhar. É um puxa-encolhe. No meio ao fluxo de carros em fila, observava
como, em determinados momentos, a fila mantinha uma espécie de harmonia.
Os
veículos pareciam circular obedecendo a uma ordem que os mantinha em seu lugar
exato, em movimento. Lembrei das ditaduras que sucederam a partir de 1955, ao
governo distributivista de Juan Domingo Perón. O acesso à educação teve fortes
quedas em cada uma das ditaduras: a de 1955, a de 1966, a de 1976. Isto sem
falar nas mortes, sequestros, desaparecimentos. O terror, a rapina. A entrega
do país às multinacionais, o endividamento de uns poucos que é pago até hoje
pelo conjunto da cidadania.
Pensei que os ricos tem motivos para não querer
distribuir a riqueza. Mas os ricos também devem ser libertados da riqueza, que
os aprisiona, assim como os pobres devem ser libertados da pobreza, que também
os oprime. Mas parece que os extremos não se entendem. Ninguém quer dar o braço
a torcer. No Brasil, aqueles que comem bem, se opõem aos programas de inclusão
social implantados pelo PT. Não valorizam o bem-estar das maiorias, dos
trabalhadores, dos de baixo. Eles tem as suas razões. Razões mesquinhas, do meu ponto de vista, que é o de muita
gente também. Brasil, Argentina. Distribuir riqueza, concentrar. Um
puxa-encolhe. Aonde vai dar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário