domingo, 19 de outubro de 2014

Distribuir riqueza ou concentrar?

Hoje vinha de Praia Bela, contemplando a bela paisagem em volta. Pensava que há razões para que a Argentina seja peronista, na sua maioria. Eu, como argentino, me beneficiei de uma educação pública que punha ao alcance da maioria da população, independentemente de nível de renda, acesso à escola e à universidade. Obviamente, havia quem das classes mais abastadas, preferisse os colégios e universidades particulares. Mas a maioria, nos anos em que me eduquei na Argentina, podia estudar. 

Pensava, enquanto voltava para minha casa em João Pessoa, continuando a desfrutar das belas paisagens das praias, do verde e do céu azul, que na Argentina, as pessoas das classes dominantes, têm motivos para odiar o peronismo. O peronismo distribui riqueza, eles querem concentrar, eles não querem partilhar. É um puxa-encolhe.  No meio ao fluxo de carros em fila, observava como, em determinados momentos, a fila mantinha uma espécie de harmonia. 

Os veículos pareciam circular obedecendo a uma ordem que os mantinha em seu lugar exato, em movimento. Lembrei das ditaduras que sucederam a partir de 1955, ao governo distributivista de Juan Domingo Perón. O acesso à educação teve fortes quedas em cada uma das ditaduras: a de 1955, a de 1966, a de 1976. Isto sem falar nas mortes, sequestros, desaparecimentos. O terror, a rapina. A entrega do país às multinacionais, o endividamento de uns poucos que é pago até hoje pelo conjunto da cidadania. 

Pensei que os ricos tem motivos para não querer distribuir a riqueza. Mas os ricos também devem ser libertados da riqueza, que os aprisiona, assim como os pobres devem ser libertados da pobreza, que também os oprime. Mas parece que os extremos não se entendem. Ninguém quer dar o braço a torcer. No Brasil, aqueles que comem bem, se opõem aos programas de inclusão social implantados pelo PT. Não valorizam o bem-estar das maiorias, dos trabalhadores, dos de baixo.  Eles tem as suas razões. Razões mesquinhas, do meu ponto de vista, que é o de muita gente também. Brasil, Argentina. Distribuir riqueza, concentrar. Um puxa-encolhe. Aonde vai dar?

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